Inflação preocupa

Ibovespa fecha desvalorizado após dados do IPCA; dólar sobe

O Ibovespa fechou a sessão desta terça-feira (26) com queda de 0,05%, aos 126.863,02 pontos; o dólar avançou, a R$ 4,98.

Ibovespa opera
Ibovespa / Foto: Pixabay

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta terça-feira (26) com queda de 0,05%, aos 126.863,02 pontos. O dólar comercial avançou 0,19%, a R$ 4,98.

Ao contrário do pregão anterior, com a ausência de dados para manter negociações positivas, nesta sessão o Ibovespa refletiu uma convergência de fatores. Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, pontuou que os dados do IPCA, somado às expectativas sobre a redução dos juros e a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), influenciaram a balança.

“O IPCA-15 acima das expectativas colocou os investidores em alerta, sugerindo que a inflação ainda é uma preocupação para o Banco Central, que, por sua vez, mostrou na ata do Copom uma postura de cautela e flexibilidade em suas futuras decisões de política monetária”, disse ele.

Conforme sua análise, a leve alta do Ibovespa também indica um otimismo contido dos investidores, possivelmente devido às expectativas de ajustes na política monetária dos EUA, o que afeta o apetite global por risco.

O resultado do IPCA-15, apresentado nesta terça-feira pelo  IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelou uma desaceleração em 0,36%. No mês anterior o índice veio em 0,78%. Ainda assim, o consenso do mercado esperava um número em torno de 0,32%.

“Esse resultado reforça a importância de manter uma política monetária cuidadosa e adaptável. Ainda que a inflação não esteja disparando, qualquer sinal de que ela permanece resistente é motivo suficiente para o Banco Central manter sua postura vigilante”, expressou Almeida.

Altas e Baixas do Ibovespa: Casas Bahia (BHIA3) cai fortemente após 4TRI23

No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 1,10% e 0,93%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 0,80%.

Entre as mineradoras e siderúrgicas o movimento negativo foi puxado pela Vale (VALE3) que caiu 1,27%. Gerdau (GGBR4) registrou baixa de 0,28%. Usiminas (USIM5) desvalorizou 0,40%.

No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com alta de 1,99% e 0,54%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) também seguiram com valorização 1,43% e 0,36%, em sequência.

Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 6,81%. Diferente da Magalu, as ações das Lojas Americanas (AMER3) avançaram 1,85%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 7,12%.

Parceiros

A São Martinho (SMTO3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 4,13%. Logo atrás, Localiza (RENT3) e Locaweb (LWSA3) registraram altas de 2,72% e 2,21%, respectivamente.

Já na ponta negativa, Minerva (BEEF3) liderou as perdas, caindo 8,73%. Em seguida, vieram Casas Bahia (BHIA3) e Magalu (MGLU3), com perdas de 7,12% e 6,81%.

A Casas Bahia enfrentou uma queda derivada do prejuízo histórico de R$ 1 bilhão no 4TRI23. A reestruturação em andamento, apesar de alguns avanços como redução de estoques e de pessoal, ainda deixa a empresa diante de um futuro preocupante, disse Almeida.

“Outras preocupações com a estrutura de capital e os altos custos de financiamento aumentam a incerteza sobre a capacidade da empresa de se recuperar e crescer”, finalizou.

Ata do Copom confirme cautela em reduzir juros

Para Almeida, o resultado do IPCA-15 se alinha com a postura indicada pelo BC (Banco Central) na Ata do Copom, que sinalizou a intenção de manter uma flexibilidade nas futuras decisões sobre a Selic.

“O mercado pode interpretar esse resultado como um lembrete de que, apesar de alguns sinais positivos na economia, ainda estamos navegando em águas incertas e que é prudente manter a cautela antes de celebrar qualquer vitória prematura contra a inflação”, afirmou.

O movimento do Copom se adequa às incertezas ecnonômicas, acom destaque ao dinamismo no mercado de crédito e à resiliência da atividade doméstica que complicam o cenário de desinflação, disse o especialista.

“Caso o BC “erre a mão” e depois tenha que voltar atrás, pode piorar as expectativas quanto aos juros e causar volatilidade nos mercados”, concluiu.

Índices do exterior fecharam mistos

Os principais índices europeus tiveram desempenhos mistos nesta terça-feira (26). O índice DAX, de Frankfurt, valorizou 0,68%, enquanto o CAC 40, de Paris, avançou 0,44%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,29%. Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,28% e 0,42%, respectivamente. Já o Dow Jones recuou 0,08%.