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Ibovespa fecha em alta com o PIB sinalizando desaceleração; dólar sobe

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (7) com alta de 1,36%, aos 125.034,63 pontos; o dólar subiu, a R$ 5,79

Ibovespa
Foto: Canva

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta sexta-feira (7) com alta de 1,36%, aos 125.034,63 pontos. O dólar comercial subiu 0,57%, a R$ 5,79, na semana, o acumulado é de queda de 2,15%.

As perspectivas econômicas dominaram a atenção dos investidores e levaram o Ibovespa a uma forte valorização, com dados do PIB brasileiro, mercado de trabalho dos EUA e expectativas para o andamento da política monetária no futuro.

O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com queda de 0,20%, a US$ 103,85.

A sessão teve diversos fatores interno e externos de influência neste pregão, mas o dia começou com o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2024. Apesar de ter fechado o ano de 2024 com alta de 3,4% em comparação com 2023, registrando o melhor desempenho dos últimos três anos, conforme divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (7).

Contudo, o que animou os investidores foi o fato do indicador ter apresentando desaceleração no último trimestre do ano passado, subindo apenas 0,2%, o que, para o mercado financeiro, significa que em breve a política monetária pode viver um novo alívio.

“Esse movimento sugere uma possível redução na pressão inflacionária, o que pode levar o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa na condução da política monetária, evitando um ciclo de alta de juros mais agressivo e priorizando a estabilidade econômica”, disse João Victor Vieitez, analista da Aware Investments.

Além do analista, Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital reiterou a crença do mercado, e que o cenário enfraquece ainda mais o real.

O especialista alertou que os mercados globais repercutiram no mercado de câmbio as incertezas quanto às tarifas dos EUA e possível impacto da queda nas importações da China ao país norte-americano na economia mundial. Além disso, também pesou sobre o dólar o resultado do Payroll, mas ainda assim a moeda não se abalou. 

Os EUA criaram 151 mil vagas de emprego em fevereiro, segundo dados do Payroll divulgados nesta sexta-feira (7). O resultado apresentou alta em relação a janeiro, mas ficou abaixo das expectativas do mercado. Segundo Iarussi, esse cenário elevou as apostas para um corte nos juros americanos.

Ainda na economia externa, após os dados do mercado de trabalho norte-americano, o presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, deu declarações sobre os rumos da política monetária dos EUA. 

Apesar de ter reconhecido que de fato houve um aumento da incerteza na perspectiva econômica dos EUA, ele afirmou que os dirigentes da autoridade monetária não precisam se apressar para ajustar a política monetária.

“Apesar dos níveis elevados de incerteza, a economia dos EUA continua em uma boa posição”, disse Powell durante um evento nesta sexta-feira (7) em Nova York, organizado pela Universidade de Chicago. 

“Não precisamos ter pressa e estamos bem posicionados para esperar por maior clareza”, prosseguiu, segundo a “Bloomberg”.

Voltando para o quadro interno, no final desta tarde o presidente Lula comentou sobre um tema que tem causado extrema preocupação ao governo e afetado a popularidade do petista: a inflação dos alimentos. 

Na noite de quinta-feira (6), o governo anunciou que irá zerar os impostos de importação sobre uma série de alimentos, com o objetivo de baratear o preço dos itens e controlar a inflação. O presidente e membros do Executivo Federal fizeram uma reunião com representantes e entidades do setor produtivo para apresentar a medidas, que é a primeira das que serão implementadas nesse sentido, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A lista de alimentos que terão imposto zerado inclui a carne, o açúcar, milho, óleo de girassol, azeite de oliva, sardinha, biscoitos e massas alimentícias.

Porém, em um evento de anúncio de novas entregas do programa Terra da Gente, em Campo Novo (MG), nesta tarde, o presidente Lula afirmou que vai tomar atitudes mais drásticas caso não encontre uma “solução pacífica” para conter a alta nos preços dos alimentos.

“Estamos tentando encontrar uma solução pacífica (…) Se não encontrar, vamos ter que tomar atitudes mais drásticas porque o que interessa é gerar comida barata na mesa da população”, disse o petista.

Já no radar corporativo, o setor de commodities impulsionou o Ibovespa, com a Vale (VALE3) engatando a terceira sessão de ganhos, ao passo que a Petrobras (PETR4) se recupera das últimas perdas, junto com a alta nos preços internacionais do petróleo, que também subiram forte.

“Na minha opinião, o alívio na curva de juros reflete um pouco da queda dos títulos americanos, com o viés de desaceleração após o Payroll. Com isso, as empresas mais sensíveis acabam se beneficiando desse movimento trabalhando no tom positivo, contribuindo para a alta do Ibovespa”, avaliou Iarussi.

“Entre as altas, Brava salta 9,08%, após ter divulgado mais cedo dados de produção em fevereiro. Os números mostraram um aumento de 9,22% em relação ao mês anterior, os dados de produção levam a crer que é esperado que a Brava passe a remunerar seus acionistas ao longo de 2025, com uma rentabilidade em forma de proventos de cerca de 6%”, apontou o especialista.

Já na ponta negativa do Ibovespa, algumas ações como Embraer (EMBR3) e Totvs (TOTS3) tiveram uma sessão de correção, após altas acumuladas no período.

A Brava Energia (BRAV3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 10,82%. Logo atrás, Magalu (MGLU3) e Marcopolo (POMO4) registraram altas de 10,55% e 6,18%, respectivamente.

Já na ponta negativa, Totvs (TOTS3) liderou as perdas, caindo 1,93%. Em seguida, vieram Embraer (EMBR3) e Hypera (HYPE3), com perdas de 1,39% e 0,66%.

Altas e Baixas do Ibovespa: Bancos e varejistas também valorizam

No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram 1,22% e 1,08%, respectivamente. Prio (PRIO3) valorizou 2,24%.

Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) subiu 1,46%. Gerdau (GGBR4) registrou alta de 0,83%. Usiminas (USIM5) valorizou 1,69%.

No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com altas de 0,43% e 1,19%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com valorização 1,21% e 3,16%, em sequência.

Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) subiu 10,55%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) avançaram 9,17%. Casas Bahia (BHIA3) valorizou 19,14%.

Índices do exterior fecharam opostos

Os principais índices europeus tiveram desempenhos negativos nesta sexta-feira (7). O índice DAX, de Frankfurt, desvalorizou 1,75%, enquanto o CAC 40, de Paris, recuou 0,94%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,46%. 

Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq subiram 0,55% e 0,70%, respectivamente. Já o Dow Jones avançou 0,52%.