O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta quinta-feira (31) com baixa de 0,71%, aos 129.713,33 pontos. O dólar comercial subiu 0,31%, a R$ 5,78.
O desempenho do Ibovespa segue refletindo as expectativas pelo próximo pacote de corte de gastos do governo, mas o radar corporativo também esteve atentos aos últimos balanços trimestrais das companhias brasileiras. O índice finalizou o mês de outubro com queda de 1,60%
O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com baixa de 0,07%, a US$ 103,92.
No radar corporativo, a temporada de balanços do 3º trimestre deste ano segue ativa, com empresas importantes como o banco Bradesco (BBDC4), cujos números não agradaram o mercado.
O banco reportou um lucro líquido recorrente de R$ 5,225 bilhões no 3TRI24, correspondendo a uma alta de 13,1% ante o mesmo período em 2023.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, ressaltou que os empréstimos do Bradesco caíram no período, o que é bom no curto prazo, mas pode ser ruim no futuro, dependendo do caminho da taxa de juros.
“Acredito que isso trouxe uma certa incerteza, e a ação caiu, outro ponto foi o seguinte, o resultado do 2º trimestre tinha sido muito, mas muito bom e muito surpreendente”, disse.
Além disso, Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, destacou que entre as 25 empresas responsáveis por 75% do peso do Ibovespa, apenas 3 terminam o dia em leve alta, consagrando o quadro negativo.
O cenário de risco fiscal ainda cerca o Brasil, com a apreensão sobre o cumprimento da meta de déficit zero pelo governo federal. Com isso, o mercado aguarda pelo anúncio do pacote de cortes de gastos, que a equipe econômica indicou que seria divulgado após as eleições municipais. No entanto, o ministro Fernando Haddad (PT) apontou que ainda não há datas ou números definidos para a contenção.
Na avaliação de Silva, a “falta de discernimento” do Executivo sobre o que é gasto e o que é investimento deixa o mercado cético quanto ao cumprimento da meta fiscal.
“Esse é o mínimo que o governo deve fazer para dar confiança à sociedade de que garantirá as condições necessárias para a estabilidade econômica”, afirmou.
O dólar a quase R$ 5,80, na visão do especialista, pode ser por um movimento de proteção, ao passo que a eleição presidencial nos EUA se aproxima, “além do reflexo da falta de credibilidade que o Palácio do Planalto tem transmitido ao investidor estrangeiro”.
“Essa falta de credibilidade, na minha opinião, faz com que as curvas futuras de juros continuem sua tendência de alta, pedindo cada vez mais prêmio”, finalizou.
Voltando ao radar das empresas, a Petrobras (PETR3;PETR4) segurou um pouco as perdas, pelo seu peso significativo no Ibovespa, visto que os preços internacionais do petróleo tiveram outra alta, o que impulsionou as ações.
A BRF (BRFS3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 2,86%. Logo atrás, CSN Mineração (CMIN3) e Marfrig (MRFG3) registraram altas de 2,31% e 1,82%, respectivamente.
Já na ponta negativa, Hypera (HYPE3) liderou as perdas, caindo 8,30%. Em seguida, vieram CVC (CVCB3) e Bradesco (BBDC4), com perdas de 5,09% e 4,06%.
Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) divergem
No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram 0,46% e 0,17%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 0,56%.
Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) caiu 0,66%. Gerdau (GGBR4) registrou baixa de 0,65%. Usiminas (USIM5) valorizou 0,61%.
No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com baixa de 0,65% e 0,15%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorização 4,06% e 2,68%, em sequência.
Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 1,46%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 3,09%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 1,44%.
Wall Street fecha em queda
Em Wall Street a sessão teve perdas expressivas, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 1,86% e 2,76%, respectivamente. Já o Dow Jones caiu 0,90%.