Sem pacote fiscal

Ibovespa fecha em forte queda com aversão ao risco; dólar sobe

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (8) com baixa de 1,43%, aos 127.829,80 pontos; o dólar subiu, a R$ 5,73

Foto: CanvaPro/Ibovespa
Foto: CanvaPro/Ibovespa

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta sexta-feira (8) com baixa de 1,43%, aos 127.829,80 pontos. O dólar comercial subiu 1,09%, a R$ 5,73.

Um quadro vermelho dominou o Ibovespa nesta sessão, que recuou a um nível não visto há 3 meses. A preocupação com a piora fiscal do Brasil, a decepção com os estímulos à economia chinesa, o IPCA acima do teto da meta e o derretimento das ações da Vale (VALE3) ditaram o ritmo da sessão.

O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com alta de 0,50%, a US$ 105,03. 

O mercado segue esperando ansiosamente pela divulgação do pacote fiscal do governo federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), havia garantido, no início da semana, que as novas medidas de corte de gastos seriam apresentadas nesta semana, o que ainda não ocorreu e aumenta as incertezas com o cenário fiscal do País.

Ainda nas questões domésticas, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,56% em outubro, após registrar avanço de 0,44% em setembro, indicou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No acumulado de 2024, a inflação já acumula alta de 3,88%, enquanto nos últimos 12 meses o número subiu para 4,76%, valor acima do teto da meta de 3% estipulado pelo BC (Banco Central).

A energia elétrica foi o fator que puxou o IPCA para cima, representando 4,74% no setor de Habitação do cálculo total. 

No mês de outubro, por conta da grave seca que ocorre em algumas regiões do Brasil e impacta as usinas hidrelétricas, a bandeira vermelha foi acionada, acrescentando o custo de R$7,877 a cada 100 kw/h consumidos.

“Internamente, na minha visão, a inflação medida pelo IPCA acima das expectativas trouxe um cenário de incerteza em relação à política de juros”, disse Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

“Fica claro que esse resultado alimenta a possibilidade de que o Banco Central mantenha a Selic elevada por um período prolongado, o que pressiona os juros futuros e gera aversão ao risco entre investidores, tornando o ambiente doméstico ainda mais desafiador”, completou.

Seguindo com o ambiente do exterior, a China anunciou um novo pacote fiscal de R$ 1,4 bilhão para aliviar a pressão das dívidas dos governos locais.

Porém, o mercado esperava medidas de incentivo para impulsionar a demanda lenta do consumidor. 

As commodities foram fortemente afetadas por essa decepção, com as ações da Vale chegando a derreter 6% durante o pregão. A empresa chegou a perder R$ 15,7 bilhões em valor de mercado. 

Os juros futuros avançaram, refletindo a desconfiança do mercado com o compromisso do governo Lula com o crescimento das despesas das contas públicas e cumprimento da meta fiscal. 

“No fundo, essa indefinição somada à desvalorização cambial cria um clima de desconfiança, forçando o mercado a precificar um risco maior na economia brasileira”, avaliou Iarussi.

Poucas ações conseguiram engatar altas no Ibovespa durante o pregão, com a Embraer (EMBR3) liderando o ranking por conta do balanço trimestral forte. 

A Embrer (EMBR3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 7,47%. Logo atrás, Natura (NTCO3) e PetroReconcavo (RECV3) registraram altas de 2,90% e 2,62%, respectivamente.

Já na ponta negativa, Alpagatas (ALPA4) liderou as perdas, caindo 7,90%. Em seguida, vieram Lojas Renner (LREN3) e Usiminas (USIM5), com perdas de 6,14% e 6,02%.

Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) 

No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram 1,82% e 1,89%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 2,36%.

Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) caiu 4,61%. Gerdau (GGBR4) registrou baixa de 0,20%. Usiminas (USIM5) desvalorizou 6,02%.

No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com baixas de 1,57% e 0,76%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorizações 1,10% e 0,89%, em sequência.

Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) subiu 2,35%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 3,09%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 0,98%.

Índices do exterior fecharam em direções opostas

Os principais índices europeus tiveram desempenhos negativos nesta sexta-feira (8). O índice DAX, de Frankfurt, desvalorizou 0,79%, enquanto o CAC 40, de Paris, recuou 1,17%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,66%. 

Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq subiram 0,38% e 0,09%, respectivamente. Já o Dow Jones avançou 0,59%.