Trump no radar

Ibovespa fecha em queda, na contramão do exterior; dólar cai

O Ibovespa caiu 0,40%; o dólar comercial caiu 0,34%, a R$ 5,92, a menor cotação da moeda desde o pregão de 27 de novembro

Ibovespa / Foto: CanvaPro
Ibovespa / Foto: CanvaPro

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta quinta-feira (23) com queda de 0,40%, aos 122.483,32. O dólar comercial caiu 0,34%, a R$ 5,92, esta foi a menor cotação da moeda desde o pregão de 27 de novembro.

A soma de fatores externos e internos causou um abalo no Ibovespa durante o pregão, com o roteiro da economia brasileira não parecendo animador, enquanto os mercados emergentes também sofrem com as perspectivas em torno de Donald Trump e as tarifas de importação nos EUA.

“O dólar mantém seu movimento de recuo nessas primeiras semanas de 2025, em parte, na minha opinião, devido à diminuição da saída da moeda do país.  Vale lembrar que, no primeiro semestre, o Brasil tende a ser beneficiado pelas exportações do agronegócio, o que pode ajudar a trazer o dólar para patamares mais baixos”, avaliou Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.

O comportamento do dólar ainda se deve à espera do mercado pelo anúncio das tarifas de importação de produtos nos EUA, prometidas por Trump durante todo seu período de campanha eleitoral. 

O tema ganhou mais foco por parte do mercado nesta sessão após o presidente norte-americano discursar no Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, Suíça. Trump, que foi empossado na segunda-feira (20), começou ressaltando que fará o maior corte de impostos do mundo nos EUA e deixando claro que as empresas que produzirem no país serão beneficiadas, enquanto as demais terão que lidar com as tarifas.

“Minha mensagem para todos os negócios do mundo é bem simples: venha produzir na América e vamos dar as menores taxas de qualquer nação da Terra. Mas se a decisão de vocês for de não produzir na América, simplesmente terão de pagar uma tarifa que deve direcionar até trilhões de dólares para o nosso Tesouro, fortalecer nossa economia e reduzir nosso déficit”, disse o republicano.

Entre outros pontos abordados por ele no discurso, a trajetória dos juros nos EUA foi outro destaque. O republicano afirmou que demandará um corte de juros pelo Fed (Federal Reserve) imediatamente. 

O republicano avalia que as taxas deveriam ser reduzidas em todo o mundo, devido à sua vitória nas eleições de 2024. A próxima reunião do Fed acontecerá na semana que vem, na quarta-feira (29).

Em paralelo a isso, no cenário brasileiro Anderson Silva explicou que o Ibovespa segue sofrendo por conta das preocupações com o quadro fiscal.

“Especialmente diante de incertezas sobre as políticas econômicas do governo e a sustentabilidade da dívida pública, o que desestimula, na minha visão, o retorno de investidores estrangeiros para a bolsa brasileira”, disse.

Na linha negativa do Ibovespa, a curva de juros em alta e os preços do petróleo em baixa – também repercutindo os comentários de Trump sobre a necessidade de redução dos preços para controle da inflação e objetivos políticos com a Rússia – derrubou ações do setor de construção e petroleiras.

“Do lado positivo, destacaram-se MRFG3, BRKM5 e BBAS3. A MRFG3 respondeu bem a uma recomendação de compra do Goldman Sachs, que destacou o melhor risco-retorno do ativo. BRKM5 se beneficiou de expectativas de melhora nas margens petroquímicas, e BBAS3 apresentou desempenho sólido devido à resiliência do setor bancário”, afirmou Silva.

A Marfrig (MRFG3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 4,06%. Logo atrás, Braskem (BRKM5) e Yduqs (YDUQ3) registraram altas de 3,56% e 2,76%, respectivamente.

Já na ponta negativa, Minerva (BEEF3) liderou as perdas, caindo 6,67%. Em seguida, vieram MRV (MRVE3) e GPA (PCAR3), com perdas de 5,70% e 5,57%.

Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) desvalorizam

No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 0,90% e 0,84%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 2,10%.

Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) caiu 0,65%. Gerdau (GGBR4) registrou baixa de 0,57%. Usiminas (USIM5) desvalorizou 1,34%.

No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com baixa de 0,43% e alta de 2,26%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorizações de 0,78% e 1,75%, em sequência.

Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 1,26%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 4,33%. Casas Bahia (BHIA3) valorizou 6,42%.

Índices do exterior fecharam em alta

Os principais índices europeus tiveram desempenhos positivos nesta quinta-feira (23). O índice DAX, de Frankfurt, valorizou 0,74%, enquanto o CAC 40, de Paris, avançou 0,70%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,46%. 

Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq subiram 0,53% e 0,22%, respectivamente. Já o Dow Jones avançou 0,92%.