Commodities seguram piora

Ibovespa fecha em queda por pressão do risco fiscal; dólar sobe

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (25) com baixa de 0,13%, aos 129.893,32 pontos; o dólar subiu, a R$ 5,70

Ibovespa / Foto: CanvaPro
Ibovespa / Foto: CanvaPro

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta sexta-feira (25) com baixa de 0,13%, aos 129.893,32 pontos. O dólar comercial subiu 0,74%, a R$ 5,70.

A oscilação do Ibovespa nesta sessão se deve a dois principais fatores: a ansiedade e descrença do mercado quanto ao pacote de contenção de gastos do governo e a repercussão positiva que toma conta do setor de commodities após balanços trimestrais de Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5).

O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, teve alta de 0,25%, a US$ 104,32 pontos. Na semana, dólar acumula alta de 0,11%.

A queda do Ibovespa foi segurada pelas commodities. A Vale e a Usiminas performaram entre as principais altas do dia com fortes ganhos, após divulgarem suas respectivas demonstrações operacionais do 3º trimestre deste ano.

No caso da Vale, mesmo com um recuo de 15% no lucro líquido – a US$ 2,4 bilhões – na comparação anual, o resultado foi melhor que esperado pelo mercado, que viu uma redução nos custos e tem boas perspectivas para o futuro.

Quanto à Usiminas, bancos como o Santander e Itaú viram eficiência nas vendas, melhora nos custos e têm estimativas positivas quanto à demanda do aço no mercado doméstico. O lucro líquido da empresa no 3TRI24 foi de R$185 milhões.

Em paralelo a isto, os preços do minério de ferro na Bolsa de Dalian subiram 2,81% (o contrato mais negociado), ao passo que os preços internacionais do petróleo fecharam a sessão com altas acima de 2%.

Segundo Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, os ganhos dos papéis da Vale se devem também ao acordo firmado com o governo federal pela tragédia ocorrida em Mariana, em 2015.

“A resolução desse acordo deve ajudar a remover incertezas, o que é um grande alívio para os investidores. Essa valorização ajudou a Vale a recuperar R$ 10 bilhões em valor de mercado, totalizando R$ 281,6 bilhões”, disse.

“No entanto, a cautela ainda prevalece no mercado, refletida na valorização do dólar. O mercado está aguardando mais clareza sobre as medidas de cortes de gastos e ajustes fiscais prometidos pelo governo, o que gera um ambiente de incerteza”, avaliou Iarussi.

Os juros futuros avançaram, o que sempre pressiona papéis de setores sensíveis como o varejo. Na avaliação do sócio da The Hill Capital, o movimento reflete principalmente o cenário de incertezas fiscais e o avanço do dólar. 

“O mercado já está no compasso de espera pelas medidas de corte de gastos prometidas pelo governo, mas, honestamente, o ceticismo é forte. Com tantas promessas e poucas ações concretas, é difícil acreditar que essas medidas virão com força suficiente para melhorar a situação fiscal”, afirmou.

A equipe econômica do governo Lula já indicou anteriormente que tem trabalhado em um novo corte de gastos nas contas públicas federais. Foi indicado que o anúncio deve ocorrer após o segundo turno das eleições municipais, que será neste domingo (27).

A inflação também segue na mira do mercado, com o IPCA-15 (prévia da inflação oficial) de outubro, divulgado na sessão anterior, mostrou aceleração de 0,54%, muito acima dos 0,13% de setembro. 

A CVC (CVCB3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 5,05%. Logo atrás, Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3) registraram altas de 4,24% e 3,40%, respectivamente.

Já na ponta negativa, IRB (IRBR3) liderou as perdas, caindo 6,49%. Em seguida, vieram Carrefour (CRFB3) e Hypera (HYPE3), com perdas de 6,16% e 5,55%.

Altas e Baixas do Ibovespa: bancos fecham com maioria em queda

No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram 1,00% e 0,70%, respectivamente. Prio (PRIO3) desvalorizou 0,71%.

Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) subiu 3,70%. Gerdau (GGBR4) registrou alta de 0,39%. Usiminas (USIM5) valorizou 4,24%.

No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram com baixa de 1,18% e alta de 0,04%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorização 1,39% e 0,24%, em sequência.

Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 3,69%. As ações das Lojas Americanas (AMER3) subiram 2,65%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 2,78%.

Índices do exterior fecharam sem direção única

Os principais índices europeus tiveram desempenhos mistos nesta sexta-feira (25). O índice DAX, de Frankfurt, valorizou 0,04%, enquanto o CAC 40, de Paris, caiu 0,08%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,05%. 

Em Wall Street, os índices S&P 500 recuou 0,03% e Nasdaq subiu 0,56%. Já o Dow Jones avançou 0,61%.