O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta sexta-feira (28) com queda de 0,32%, aos 123.905,55 pontos. O dólar comercial subiu 1,46%, a R$ 5,58.
No último pregão do semestre, o quadro político, o receio com o aumento da percepção de risco e as incertezas fiscais ditaram o ritmo do Ibovespa. Novas declarações do presidente Lula, que sempre impactam o índice, sobre o câmbio e o compromisso do governo com a dívida pública também exerceram força.
O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, novamente seguiu na direção contrário ao desempenho da moeda no mundo e caiu 0,04%, a US$ 105,86.
Em entrevista à rádio FM O Tempo, Lula disse que as altas recentes do dólar contra o real, são resultado de especulação com derivativos, enfatizando que o BC (Banco Central) tem o dever de investigar essa situação.
Para ele, a inflação está sob controle e a Selic (taxa básica de juros) em 10,50% ao ano é “irreal”.
Além disso, o presidente também reclamou sobre as pressões do mercado financeiro para que o governo se concentre no ajuste fiscal e reduza as despesas públicas.
Para Alexsandro Nishimura, Head de Conteúdo e Sócio da Nomos, o Ibovespa não conseguiu seguir a alta das bolsas norte-americanas, pela ausência de anúncio de medidas concretas que indiquem responsabilidade fiscal do governo brasileiro.
“As ações das varejistas caíram, em dia de alta do dólar e dos juros futuros […] As ações da Eletrobras subiram, com a combinação de busca por papéis mais resilientes ao cenário de aversão ao risco e a notícia de que a companhia se unirá a Suzano para a produção de hidrogênio verde e combustíveis sintéticos”, avaliou Nishimura.
Os dados e expectativas para a economia também exerceram força sobre o Ibovespa, segundo Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
“O PNAD veio em linha com o esperado, é o desemprego mais baixo dos últimos anos, desde 2014. Mas o déficit do setor público foi bem acima do esperado, bem pior, e com isso a curva de juros subiu, o dólar subiu e a bolsa caiu”, afirmou.
A BRF (BRFS3) liderou os ganhos do Ibovespa, avançando 2,81%. Logo atrás, Marfrig (MRFG3) e Bradespar (BRAP4) registraram altas de 1,56% e 1,37%, respectivamente.
Já na ponta negativa, Azul (AZUL4) liderou as perdas, caindo 6,02%. Em seguida, vieram Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), com perdas de 5,85% e 5,71%.
Altas e Baixas do Ibovespa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) valorizaram
No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) avançaram 1,23% e 0,90%, respectivamente. Prio (PRIO3) valorizou 1,34%.
Entre as mineradoras e siderúrgicas o movimento negativo foi puxado pela Vale (VALE3) que subiu 1,07%. Gerdau (GGBR4) registrou alta de 0,66%. Usiminas (USIM5) desvalorizou 1,13%.
No setor bancário, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) operaram mistos com baixa de 0,09% e alta de 0,04%, respectivamente. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) também seguiram com desvalorização 0,32% e 1,40%, em sequência.
Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 1,31%. Diferente da Magalu, as ações das Lojas Americanas (AMER3) recuaram 5,00%. Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 1,46%.
Índices do exterior fecharam sem direção única
Os principais índices europeus tiveram desempenhos mistos nesta sexta-feira (28). O índice DAX, de Frankfurt, valorizou 0,27%, enquanto o CAC 40, de Paris, recuou 0,68%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,24%.
Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,41% e 0,71%, respectivamente. Já o Dow Jones recuou 0,12%.
“Hoje as bolsas amanheceram bem sem força, esperando alguns dados que vão ser divulgados, na Europa a França caindo, tem eleição legislativa no domingo, a direita deve vencer. E nos EUA todo mundo esperando o PCE que veio em linha, sem grandes novidades”, indicou Bresciani.