Para o mercado financeiro, o ano começou com boas perspectivas e expectativas de novos patamares recordes para o Ibovespa, na casa dos 140 mil ou 145 mil pontos ao final do período. No entanto, chegando na última semana de dezembro, o cenário se mostrou o oposto e o índice acumula queda de 10% até o momento.
No momento, as sessões enfrentam baixa liquidez, diante da véspera do Natal e início dos festejos de final de ano. Além disso, os fatores econômicos seguem mostrando tendência de piora no Brasil, com o Boletim Focus de segunda-feira (23) elevando novamente as projeções para inflação, juros e dólar.
Em paralelo a isso, a deterioração das expectativas com o Ibovespa piorou mesmo após a aprovação do pacote fiscal no Congresso, pois, apesar de ser uma demanda importante, o mercado não ficou satisfeito com a desidratação das medidas de contenção de gastos, que prometem diminuir ainda mais a economia nas despesas do Executivo.
Sem motivos para subir, o Ibovespa voltou ao patamar dos 120.767 pontos, cedendo 1,09% na sessão de segunda-feira (24). As perdas no ano agora são de 10%. A variação mensal ficou negativa em 3,90%, segundo o “Valor”.
Em termos de volume de negociações, o movimento foi de R$ 15,1 bilhões, valor um pouco menor que a média de R$ 16,3 bilhões dos últimos 12 meses.
Em paralelo às previsões com a situação econômica brasileira, houve também fatores externos que explicam a desvalorização dos ativos brasileiros, como a sinalização do Fed (Federal Reserve) de que os juros devem ficar mais altos do que havia sido ventilado em reunião anterior.
“As projeções de taxas de juros altas por mais tempo, com inflação mais elevada e precificação de apenas dois cortes em 2025, trouxeram volatilidade para os ativos de risco e mais força para o dólar, que tem ainda mais força em relação ao real do que a outras moedas, graças aos riscos fiscais domésticos”, explica Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad.
Ibovespa garante mais uma baixa em sessão esvaziada; dólar sobe
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta segunda-feira (23) com queda de 1,09%, aos 120.766,57 pontos. O dólar comercial subiu 1,88%, a R$ 6,18.
Em uma sessão de baixa liquidez, por conta da antevéspera de Natal, o Ibovespa se viu mais uma vez influenciado pelo temor do mercado financeiro com o quadro fiscal do Brasil e deterioração da economia interna.
Neste pregão, o BC (Banco Central) divulgou o Boletim Focus, com estimativas de elevação para o PIB (Produto Interno Bruto), IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) e Selic (taxa básica de juros).
O consenso de economistas consultados espera que este ano o IPCA chegue a 4,91%, o PIB marque 3,49% e a Selic de 2025 atinja os 14,75% ao ano.
Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, afirmou que 2024 foi um ano de fortes emoções, com a Bolsa andando a maior parte do tempo de lado, bons resultados das empresas, mas ações com os preços bastante machucados nas correções do mercado.
“Contribuiu para isso o investidor estrangeiro com medo do risco fiscal brasileiro, inflação e juros altos, bem como outras opções de investimentos no exterior como EUA, Europa, África do Sul e Índia”, acrescentou o especialista.
O Ibovespa teve poucas valorizações, mais um dos destaques positivos foi a Hypera (HYPE3), que teve um salto após o comunicado de que a EMS aumentou sua participação na empresa para 6%.