Repercussão do IOF

Ibovespa: Livro Bege deve apontar impactos das tarifas nos EUA

Mercado seguirá atento a movimentações do Fed

Investimentos/ Foto: Canva
Investimentos/ Foto: Canva

Os EUA serão o principal foco dos investidores na semana entre os dias 1º e 7 de junho. Como de costume na primeira semana de cada mês, praticamente todos os dias trarão dados relevantes sobre a saúde do mercado de trabalho em maio, o que pode influenciar a condução da política monetária do Fed (Federal Reserve).

Nos EUA, diferentemente do Brasil, o mercado de trabalho é um dos principais norteadores das decisões do Fed em relação à taxa de juros. Para calibrar sua política monetária, o banco central norte-americano monitora indicadores por meio de suas 12 unidades regionais. Esses dados são consolidados no Livro Bege, que reúne uma síntese das condições econômicas vigentes em cada região.

A edição que será divulgada na próxima quarta-feira (4) tem importância adicional: será a primeira após o anúncio de tarifas recíprocas de 10% sobre produtos de todas as economias, com destaque para os 145% impostos especificamente à China. Segundo Leandro Manzoni, analista de economia do Investing, o Livro Bege poderá oferecer pistas sobre como a economia real — a chamada “Main Street”, em contraposição à “Wall Street” — vem reagindo a esse novo cenário.

O relatório também deve pavimentar o caminho para a próxima reunião do Fed, marcada para 18 de junho, quando serão divulgadas as novas projeções econômicas para este e os próximos anos.

Além disso, o mercado acompanhará com atenção os desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China, reacendida após declarações do presidente Donald Trump. Na última sexta-feira (30), ele acusou a China de ter violado, sem apresentar detalhes, o acordo de trégua firmado há três semanas na Suíça.

Brasil

No cenário interno, o ambiente político volta a ganhar protagonismo na precificação dos ativos, com destaque para a polêmica sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), as dificuldades do governo com o Congresso e a queda na popularidade do presidente Lula.

O risco, agora, é que o decreto que eleva o IOF seja derrubado, o que poderia ser interpretado como um sinal de congelamento da pauta econômica no Congresso. Nesse contexto, o governo pode optar por medidas de apelo popular, na tentativa de gerar pautas positivas e pavimentar o caminho para a reeleição.

Como o mercado se comportou entre 26 e 30 de maio

A semana foi marcada por uma agenda intensa de dados, tanto no Brasil quanto no exterior. Por aqui, o destaque foi o PIB do primeiro trimestre, que registrou alta de 1,4% — em linha com as expectativas — e mostrou uma economia ainda resiliente, impulsionada por agropecuária, consumo das famílias e investimentos.

Os dados do mercado de trabalho também surpreenderam positivamente, com geração de vagas acima do esperado e queda na taxa de desemprego.

Apesar da atividade aquecida, a prévia da inflação trouxe alívio. O IPCA-15 de maio veio abaixo do previsto, com surpresas positivas nos preços de alimentos e em alguns itens de serviços. “Isso reforça a leitura de que o Banco Central deve manter os juros estáveis, ao menos por enquanto”, comentou Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.

No campo fiscal, o foco permaneceu na controvérsia em torno do IOF e na possibilidade de a medida vigorar apenas até 2025. Ainda assim, o cenário fiscal segue delicado, com atenção redobrada para os gastos no segundo semestre — especialmente com precatórios.

Ibovespa na semana

  • Segunda-feira (26): +0,23%
  • Terça-feira (27): +1,02%
  • Quarta-feira (28): -0,43%
  • Quinta-feira (29): -0,25%
  • Sexta-feira (30): -1,09%
  • Semana: -0,58%