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Ibovespa ostenta rótulo de 3º pior índice mundial no 1S24

Foto: Frrepik / Ibovespa

O título de “pior do mundo” é um peso que ninguém gostaria de carregar, felizmente, pelo menos nos primeiros 6 meses do ano, o Ibovespa se livrou do rótulo, que carregou no 1TRI24. No entanto, a distância não foi tão grande, no semestre acumulado a Bolsa brasileira teve a 3ª maior perda no mundo.

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Conforme levantamento feito pelo BP Money, após o fechamento do dia 28 de junho, através de dados do TradingView, o Ibovespa fechou o semestre com perdas de 7,66%. O número representa uma recuperação pelo avanço nas últimas sessões do mês, visto que, anteriormente, até o dia 26 de junho, chegou a cair 8,60% no semestre.

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Para quem começou em 2024 carregando muitas promessas de Ano Novo, o Ibovespa tem se mostrado, a cada período, um mal cumpridor de expectativas. Principalmente observando os demais índices acionários mundiais. 

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No lado contrário do ranking, o S&M MERVAL, da Argentina, ostenta o título de “maior valorização do mundo” no primeiro semestre de 2024, visto que fechou em alta de 73,31%, segundo dados da plataforma. 

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Logo atrás, o BIST 100, da Turquia, fechou na 2ª melhor posição, com avanço de 41,18% no período. Logo atrás, o Nikkei 225, principal índice do Japão, subiu 19,25%, enquanto a Nasdaq avançou 19,22% e o índice italiano, FTMIB, teve fechou com alta de 8,63%.

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Na análise de Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o tombo do Ibovespa no semestre se deu pelo desinteresse dos estrangeiros em investir no Brasil. Do início do ano até o momento, essa categoria já retirou cerca de R$ 42,438 bilhões da Bolsa brasileira.

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“O Brasil é um país pouco interessante, se for considerar a taxa de juros dos EUA, que não cai, de jeito nenhum, devido à inflação está alta. O mercado está aquecido lá fora, os treasures, que são o tesouro direto norte-americano, são muito interessantes”, avaliou.

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Ele apontou que a influência do governo foi a principal razão para tornar o Ibovespa tão pouco atraente aos olhos dos estrangeiros, trazendo sempre novidades que não são boas para o mercado.

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“A melhora no próximo trimestre só vai vir se os juros nos EUA caírem e se conseguirmos mostrar que o Brasil é um país responsável fiscalmente”, disse.

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Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, reiterou essa visão, detalhando que o quadro começou a virar a partir de abril, quando o governo Lula mudou a meta fiscal, ao passo que o arcabouço havia sido aprovado a menos de 1 ano.

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“A inflação de alimentos também deu um salto, mas, principalmente, o lado fiscal assustou. Dessa forma, a Bolsa brasileira deteriorou, o dólar subiu, a bolsa caiu, e é uma das piores emergentes”, afirmou.

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Para o próximo semestre, disse ele, além de observar como o governo deve se comportar com as receitas e gastos, o foco também deve estar nas eleições municipais. 

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“É um evento que tende trazer volatilidade, dependendo de como o governo estiver indo, bem ou mal nas prévias. Em relação ao mercado norte-americano, sabemos que, no curto prazo, não haverá nenhuma queda de juros. Isso também atrapalha os emergentes, atrapalha o Brasil”, finalizou.

Confira o ranking de outros índices mundiais além do Ibovespa:

As 5 maiores quedas no 1S24

Índices globaisPaís de origemDesempenho semestral
IDX 30Indonesia10,33%
 S&P/BMV IPCMéxico-8,73%
IbovespaBrasil-7,66%
SZSE ComponentShenzhen/China-7,12%
S&P 500 VIXEUA-5,90%
Fonte: TradingView

As 5 maiores altas no 1S24

Índices globais País de origemDesempenho semestral
S&P MERVALArgentina73,31%
BIST 100Turquia41,18%
Nikkei 225Japão19,25%
Nasdaq EUA19,22%
S&P 500EUA 15,07%
Fonte: TradingView

Desempenho das ações mais negociadas da B3

EmpresaAção negociadaDesempenho no 2TRI24Desempenho no 1S24
PetrobrasPETR414,94% 12,06%
ValeVALE32,64%-16,23%
TaesaTAEE4-1,10%-5,24%
ItaúsaITSA4-5,51% -0,25%
MagaluMGLU3-33,43% -43,34%
Banco do Brasil BBAS3-1,83% 1,47%
BradescoBBDC4-11,18%-24,51%
Casas BahiaBHIA3-13,35%-51,94%
KlabinKLBN4-5,27% 8,01%
Bradesco PrevidênciaBBSE30,52%1,57%
Fonte: TradingView

Commodities desvalorizam mesmo com dólar alto

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Como mostram os dados, entre os papéis mais negociados do Ibovespa o setor de a Klabin (KLBN4) e a Petrobras (PETR4) se beneficiaram do bom momento para as exportadoras, enquanto a Vale (VALE3) não teve a mesma sorte com o minério de ferro, que saiu de US$ 140 a tonelada para cerca de US$ 106 a tonelada.

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Também na linha negativa, a Casas Bahia (BHIA3), a Magalu (MGLU3) e as ações do setor financeiro Itaúsa (ITSA4), Banco do Brasil (BBSA3) e Bradesco (BBDC4) foram alguns dos principais responsáveis pelas saídas de investimentos no Ibovespa.

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No caso da Petrobras, o fato de ser a petroleira mais importante do Brasil a destaca dos pares do setor, visto que PetroRio (PRIO3) e PetroReconcavo (RECV3), que caíram 6,05% e 8,05%, respectivamente, no semestre.

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“Muita gente pergunta ‘porque a Petro está subindo com ingerência e tudo mais?’, mas vale lembrar que o negócio dela é vender petróleo, quanto mais caro o barril de petróleo, e ela vende em dólar, então também quanto mais alto o dólar, melhor para ela. É normal a Petrobras se sobressair sobre qualquer outra empresa do mesmo segmento, os mesmos pares, até porque são empresas menores”, explicou Jefferson Laatus, sócio-estrategista do grupo Laatus.

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Segundo ele, o desafio da estatal para o próximo trimestre será quanto à valorização da ação, sobretudo com os dividendos. Além disso, há também o acordo firmado com o Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais) para pagar R$ 20 bilhões em dívidas, pois não se sabe ainda o impacto que terá sobre os proventos.

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Já entre as mineradoras, não foi apenas a Vale que desvalorizou no semestre, seus pares também tiveram desempenhos negativos, com a Gerdau (GGBR4) caindo 5,42%, ao passo que a Usiminas (USIM5) recuou 12,01%.

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“Outro fator é a desconfiança do mercado com relação ao futuro da demanda do minério e do aço. Nossa expectativa é de uma aceleração do consumo da commodity no segundo semestre, por conta da necessidade da China em crescer o PIB em 5% ano contra ano”, disse João Abdouni, analista da Levante Corp.

Bancos e varejistas sofrem com juros 

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Esses dois setores, como mostram os números, sem dúvidas foram as duas maiores âncoras que prenderam o Ibovespa no negativo. No 2TRI24, entre os bancos, nenhuma das principais ações conseguiu fechar com ganhos. No 1S24, apenas o Banco do Brasil (BBAS3) e o Itaú Unibanco subiram levemente, 1,47% e 0,26%, respectivamente.

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Enquanto isso, o Santander (SANB11) caiu 14,96%, o Itaúsa (ITSA4) recuou 0,25% e o Bradesco cravou as maiores perdas, com um tombo de 24,51%.

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Alguns dos fatores apontados pelos especialistas como os principais para o mal desempenho foi a reviravolta e piora na perspectiva sobre a Selic (taxa básica de juros) para o futuro. 

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Atualmente, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu por manter a taxa em 10,50% ao ano. Uma decisão unânime que animou o mercado.

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No entanto, Jefferson Laatus, explicou que o patamar dos juros altos, ao contrário do que se pensa, na verdade é prejudicial aos bancos.

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“Lembre-se que juros altos restringem o crédito, porque muita gente não vai pegar dinheiro caro. Além disso, [os juros altos] geram também inadimplência, lembra que juros altos desaquece a economia”, apontou.

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Não apenas isso, mas, segundo ele, o mercado prende atenção também aos resultados trimestrais dos bancos, com outros pontos em foco, além do lucro.

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“O provisionamento dos bancos são sempre o que chamam mais atenção quando pensamos no balanço. Às vezes o banco veio com lucro muito bom, mas o mercado olha para o provisionamento, ou seja, inadimplência”, disse Laatus.

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O Bradesco em específico teve que fazer muito no balanço, teve que provisionar muita coisa no seu balanço, isso mexeu com os números. Vale lembrar que no balanço do começo do ano, o Bradesco chegou a cair 15% no dia depois que saiu o resultado, justamente pelo provisionamento de dívida, inadimplência, risco da carteira, entre outras coisas mais”, completou.

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No campo do varejo uma queda significativa já era esperada, não apenas por conta dos juros, como detalhou Bruno Boris, sócio e fundador do escritório Bruno Boris Advogados, mas também pelos efeitos remanescentes da pandemia de Covid-19.

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“Ainda que o Covid-19 tenha passado, o endividamento feito no passado precisa ser pago, por isso as recuperações judiciais e extrajudiciais aumentaram. Caso a economia consiga manter estabilidade, e o consumidor sinta-se seguro, a tendência será uma recuperação do mercado”, projetou.

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As lojas Americanas (AMER3) caíram 57,14% no primeiro semestre de 2024, seguida das Casas Bahia (BHIA3) com queda de 51,94%, ambas em recuperação judicial e extrajudicial, respectivamente. Enquanto a Magalu (MGLU3) caiu 43,34% no período.

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