O Ibovespa está expressando um potencial positivo que pode trazer de volta os patamares históricos alcançados em meados do ano passado. Apesar da forte queda no pregão da véspera, o movimento foi de correção e os especialistas veem o índice seguindo firme na linha dos 130 mil pontos, para em breve superar essa barreira.
Do começo do ano até o momento, o Ibovespa já acumula ganhos de 5,84%, oscilando nos últimos dias entre os 128 mil e os 129 mil pontos. O especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, Leonardo Santana, reforçou que a resistência nessa faixa dá apoio para furar a bolha, sobretudo com o cenário político atual no Brasil.
“A popularidade de Lula está caindo, o que dificulta a reeleição dele e a possível candidatura do governador do estado de São Paulo, o Tarcísio [de Freitas]. O mercado já trabalha bastante animado com essa possibilidade”, disse.
Como presidente da República, as declarações de Lula sempre causam bastante repercussão no mercado financeiro, tendo sido responsáveis muitas vezes, no ano passado, por quedas sofridas pelo Ibovespa. Nesse quesito, Leonardo Santana afirmou que os investidores já estão “saturados” das falas relacionadas à meta fiscal e ao comprometimento com as contas públicas.
Na mesma linha, Luciano Bravo, CVO da inteligência comercial, apontou que grandes casas de investimentos, como a XP e o BB-BI já projetam o Ibovespa chegando aos 145 mil ou 153 mil pontos, respectivamente, em dezembro deste ano.
“Essas estimativas indicam uma confiança no mercado, embora seja essencial considerar fatores macroeconômicos e políticos que possam influenciar o desempenho do índice”, reiterou.
Quanto ao fator político, a pesquisa DataFolha mais recente indicou que o nível de aprovação do presidente Lula chegou ao menor nível em todos os seus mandatos (24%).
Porém, apesar do mercado sustentar uma animação pensando no cenário eleitoral de 2026, Luciano Bravo levou outro ponto relevante que pode ter impacto mais imediato, mas ainda positivo.
“Paradoxalmente, a queda na aprovação presidencial pode ser interpretada pelo mercado como uma pressão para ajustes na política econômica, o que pode resultar em um ambiente mais favorável aos negócios”, comentou.
Mesmo assim, o especialista pregou cautela, considerando os desdobramentos econômicos que a instabilidade política pode causar.
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Os melhores setores do Ibovespa
Em meio às boas perspectivas, não apenas visando o quadro político, mas também da economia brasileira, que em alguns indicadores já começa a dar sinais de desaceleração, os especialistas acreditam que setores diversos podem se destacar nessa nova guinada do Ibovespa.
Na análise de Santana, a melhor escolha é apostar na diversificação, priorizando setores perenes, a exemplo do segmento financeiro, saneamento, energia, seguros, elétricas, bebidas e comidas.
“São setores que sempre têm uma valorização do longo prazo e acabam sendo mais seguros para as carteiras e, principalmente, quando você faz a diversificação”, ressaltou.
Paralelamente, Luciano Bravo acrescentou outros segmentos que podem despontar de agora em diante. Para ele, o agronegócio tem expectativas de estabilização nos preços dos insumos e demanda constante, sendo uma área atrativa de investimentos.
A mineração é outro setor estratégico, conforme a análise do CVO da Inteligência Comercial. “A aceleração da economia chinesa e a recuperação do mercado imobiliário global podem beneficiar empresas de mineração, tornando o setor uma opção estratégica”, continuou.
Além disso, para ele a possibilidade de uma queda na Selic (taxa básica de juros) futuramente, apesar da taxa já ter uma alta precificada de 1 ponto percentual para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em março, também serve de impulso para o consumo interno, beneficiando as varejistas e os bens de consumo.
“O segmento de atacarejo, especialmente no Nordeste, apresenta potencial de expansão”, disse Santana.
Para finalizar, o especialista listou as ações da Porto Seguro (PSSA3) e do Itaú (ITUB4) em evidência nesse período, por conta dos resultados apresentados por ambas em seus balanços do quarto trimestre de 2024.
A Porto teve um lucro líquido de R$ 10,5 bilhões, com um desempenho sólido e perspectivas positivas, ao passo que o Itaú teve lucro líquido de R$ 10,9 bilhões, que para o especialista reflete uma gestão eficiente e posição de capital sólida.
