Vem aí rali de fim de ano

Ibovespa pode tocar 140 mil pontos até fim do ano, diz analista

Dezordi destaca que a política fiscal expansionista do governo brasileiro tem fomentado o consumo das famílias, impactando positivamente setores domésticos na bolsa

Foto: Freepik
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A perspectiva para o Ibovespa até o final de 2024 gera otimismo entre analistas, impulsionado por mudanças no cenário fiscal brasileiro e pela recente vitória de Donald Trump nos EUA

Em resposta ao BP Money, Lucas Dezordi, economista-chefe da Rubik Capital, projeta um Ibovespa em torno de 140 mil pontos ao final do ano, caso se concretizem medidas fiscais robustas, como um pacote de corte de gastos de até R$ 60 bilhões. 

“O fortalecimento de uma política fiscal sólida dá consistência aos resultados primários positivos e cria espaço para um rali na bolsa até o fim do ano”, afirma Dezordi.

Dezordi destaca que a política fiscal expansionista do governo brasileiro, evidenciada pelo aumento nas transferências governamentais, tem fomentado o consumo das famílias, impactando positivamente setores domésticos no Ibovespa, como varejo e construção civil. 

“O consumo das famílias, com crescimento de 4%, é um reflexo da política fiscal. Isso pode estimular as empresas voltadas ao mercado interno, impulsionando o setor doméstico descontado no índice.”

Em meio ao rali, dólar e inflação ainda devem pressionar Bolsa

Apesar do período tradicionalmente positivo para a Bolsa de Valores brasileira ao final do ano, o cenário atual, com alta do dólar, inflação elevada e pressão sobre a Selic, pode trazer desafios para o Ibovespa, segundo Eduardo Garay, CEO e fundador da TechFX.

“As empresas dolarizadas e com exposição a commodities agrícolas podem se beneficiar com a demanda chinesa desviada dos EUA para o Brasil, mas o mercado doméstico enfrenta riscos com a redução do poder de compra das famílias,” finaliza Garay.

A pressão para elevar a Selic permanece, alimentada pelo aumento do dólar e pelos riscos inflacionários externos e internos.

Segundo Garay, gestores já projetam a taxa Selic em 13,25% ao final do ciclo, colocando o Brasil entre os países com maiores taxas reais de juros no mundo, atrás apenas de Turquia e Rússia. 

A dificuldade do governo brasileiro em implementar um pacote de corte de gastos para cobrir o déficit de R$ 66 bilhões também gera instabilidade no cenário fiscal, ampliando as incertezas para o próximo ano e, por consequencia, na bolsa brasileira.

Com uma conjuntura econômica complexa, os especialistas recomendam cautela ao escolher setores e empresas, especialmente aquelas menos impactadas por oscilações no câmbio e com baixo endividamento, para atravessar o fechamento do ano e as incertezas de 2025.

O economista ressalta que o setor de commodities e energia exige cautela, especialmente no que diz respeito ao desempenho da economia chinesa, ainda incerto. 

O mercado de petróleo, por outro lado, poderá se beneficiar das políticas pró-fóssil esperadas com Trump, o que deve impulsionar empresas brasileiras de petróleo e gás, como a Petrobras. 

Vitória de Trump e impactos no mercado nacional

O novo governo de Trump deverá impactar o cenário econômico global, especialmente para países como o Brasil. Eduardo Garay explica que a combinação de políticas fiscais expansionistas nos EUA com políticas protecionistas elevará as tarifas de importação e tende a pressionar a inflação americana, o que dificultará uma flexibilização rápida da política monetária do Federal Reserve. 

“Isso fortalece o dólar frente a outras moedas e pressiona a inflação em países emergentes, como o Brasil,” destaca Garay.

Para Dezordi, a alta do dólar traz vantagens para algumas empresas brasileiras, mas também exige cautela: o dólar forte pode pressionar a curva de juros no Brasil, o que força uma elevação nas taxas de juros domésticas para conter a inflação. 

“Esse cenário beneficia empresas exportadoras, mas o mercado precisa estar atento a empresas com altos custos dolarizados, que podem ter maior vulnerabilidade,” explica.

Impactos no setor de energia e commodities

O ambiente externo também se mostra favorável para as empresas de energia, conforme destaca Eduardo Garay. 

“Com Trump, os EUA devem reforçar políticas protecionistas, o que deve elevar a competitividade de empresas nacionais frente ao mercado externo,” explica Garay. Além disso, a energia fóssil deve ganhar impulso, trazendo um potencial de crescimento para empresas brasileiras expostas ao setor.

Em relação a commodities agrícolas e minerais, Dezordi acredita que o cenário para empresas brasileiras do setor é de boas oportunidades, embora com precauções.

A recuperação lenta da economia chinesa e os riscos associados ao crescimento global podem afetar o consumo.

“Vale observar empresas descontadas e analisar o risco-retorno antes de investir”, orienta. A alta do dólar ainda pode beneficiar empresas exportadoras, favorecendo empresas que mantêm receitas em moeda estrangeira.

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