A semana entre 14 e 18 de abril será mais curta para o Ibovespa por conta do feriado da Paixão de Cristo nos países ocidentais, na sexta-feira (18). Além disso, a agenda econômica estará mais esvaziada, com destaque para a China, que divulga os dados do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre.
Além dos dados chineses, será divulgada a decisão de taxa de juros na zona do euro — sendo o primeiro Banco Central relevante a realizar uma reunião de política monetária após o acirramento das tensões geopolíticas. Com isso, o Ibovespa deve sentir os reflexos da avaliação dos investidores sobre os próximos passos dos governos chinês e norte-americano.
Os EUA anunciaram recentemente as “tarifas recíprocas” sobre cerca de 108 países. Contudo, pausaram o tarifaço por 90 dias — exceto para a China, que respondeu com tarifas sobre as importações norte-americanas.
“A suspensão da adoção das ‘tarifas recíprocas’, mantendo apenas as alíquotas mínimas de 10% e as setoriais de 25% para aço, alumínio e automóveis, tampouco trouxe estabilidade aos ativos de risco, apesar do repique logo após o anúncio da pausa”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.
Nas próximas semanas, é esperada uma disputa narrativa sobre estarmos, ou não, diante de uma alteração estrutural na economia mundial, ou se os impactos são apenas fatores conjunturais intensificados pelas decisões do governo Trump.
O entrave será pano de fundo das estratégias de investidores e operadores de mercado nos próximos meses. Além disso, o cenário será acompanhado de perto à espera da definição do Fed (Federal Reserve) nas próximas reuniões sobre a política monetária norte-americana.
O objetivo do Fed, neste momento, é evitar que as expectativas de inflação se desancorem da meta de 2%, após os impactos provocados pelas tarifas.
Brasil
No Brasil, o foco do mercado será a proposta da LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2026, que será encaminhada pelo governo federal ao Congresso na próxima terça-feira (15). A principal promessa em torno do texto é o retorno do superávit primário em 2026, com uma meta de 0,25% — ante 0% previsto para este ano.
Como o mercado se comportou entre 7 e 11 de abril
A semana foi marcada pela forte escalada nas tensões comerciais entre EUA e China, que ditou o tom dos mercados globais e do Ibovespa. A troca de tarifas — com os EUA impondo até 145% sobre produtos chineses e a China retaliando com tarifas de até 125% — elevou a aversão ao risco e trouxe bastante volatilidade para os ativos, especialmente nas bolsas norte-americanas.
“Essa conjuntura coloca o Federal Reserve em uma posição delicada. A ata da última reunião do FOMC revelou que os dirigentes do Fed já enxergavam riscos inflacionários em alta e crescimento mais fraco mesmo antes da nova rodada de tarifas”, comentou Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.
Apesar disso, os dados de inflação dos EUA vieram melhores do que o esperado, o que gerou certo alívio nos mercados — embora de forma breve.
No cenário doméstico, as tensões geopolíticas também influenciaram, especialmente no câmbio. O real teve uma performance mais fraca do que outras moedas emergentes, refletindo não só o ambiente internacional turbulento, como também fatores internos. A avaliação é de Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital.
Além disso, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) veio acima do esperado, com destaque para a pressão nos serviços e nos bens industriais. O resultado reforçou o sinal de cautela na condução da política monetária.
Os dados de atividade econômica, por sua vez, mostraram um consumo mais fraco de veículos. Os serviços de informação sustentaram a alta no setor de serviços.
Ibovespa na semana
- Segunda-feira (7): -1,31%
- Terça-feira (8): -1,32%
- Quarta-feira (9): +3,12%
- Quinta-feira (10): -1,13%
- Sexta-feira (11): +1,05%
- Semana: +0,34%