O mês de fevereiro encerrou levando ganhos de 0,99% ao Ibovespa, contudo, a semana não trouxe bons resultados ao índice, que finalizou com saldo negativo de 0,18%. A Bolsa brasileira sentiu o peso dos fatores externos e internos, diante desse cenário, economistas consultados pelo BP Money traçaram um entendimento quanto ao desempenho do mercado em Fevereiro e na última semana.
O período foi marcado por apreenções no radar dos investidores, com estimativas quanto ao FED (Federal Reserve), ao Copom (Comissão de Política Monetária), e aos dados de inflação e balanços trimestrais das empresas.
No Brasil, o Copom decidiu por manter o corte da Selic (taxa básica de juros) baixo, com 11,25% ao ano. Na mesma linha, o comitê do FED decidiu pela manutenção da taxa de juro de referência, com estabilidade entre 5,25% e 5,50%.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, diz que o Ibovespa sentiu o peso da extensão do ciclo de relaxamento quanto ao corte de juros nos EUA.
“Além do claro impacto sobre todos os mercados de ativos globais, as incertezas sobre a condução do Fed se refletem também por aqui, uma vez que se passou a questionar o quanto essa postergação nos EUA pode levar o Copom a ser mais cauteloso nas reduções da Selic”, analisa.
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) derrubam ganhos do Ibovespa
Durante a semana, as ações da Petrobras, tanto a ordinária (ON) PETR3, quanto a preferêncial (PN) PETR4, sofreram quedas que ancoraram as perdas do Ibovespa. Assim como a Vale (VALE3), que não conseguiu evitar a queda puxada pela baixa no preço do minério de ferro, além das críticas do presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A desvalorização da Petrobras teve início após a declaração de Jean Paul Prates, presidente da estatal, alegando que a distribuição de dividendos extraordinários deve ser feita com cautela. Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, destaca o evento e analisa uma possível recuperação dos papéis nas próximas sessões.
“Só por essa fala [de Prates], fez as ações da companhia caírem 6% durante essa semana. Porém, com as cotações do petróleo hoje subindo, a companhia voltou para os patamares em que está operando atualmente, na faixa de 39, 40 reais”, comenta.
“Já falando um pouco de Vale, além da questão do preço do minério, o seu balanço já foi superado, já foram entendidos os números, mas voltou de novo em cena a questão da interferência na empresa”, afirma.
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Segundo ele, a fala do presidente Lula, durante participação no programa Roda Viva, quando disse que gostaria de ter alguém da confiança dele dentro da empresa, é muito ruim.
“Mostra uma interferência, de querer colocar alguém lá para, digamos assim, manipular a empresa ou tomar decisões muito mais políticas do que profissionais dentro da companhia, e isso deixa os investidores receosos”, completa.
Dados econômicos e novidades movimentam mercado
Para finalizar a semana prejudicada, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil entrou na balança dos fatores de influência do mercado acionário nacional. Mas, apesar de ter apresentando números em linha com o esperado, o índice não foi de muita ajuda ao Ibovespa na sessão desta sexta-feira (01). O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) divulgou uma desaceleração da economia, pois o PIB fechou em 2,9%.
Novidades
No radar dos investidores, uma novidade anunciada também nesta sexta-feira – a criação de uma nova Bolsa de Valores para competir com a B3, atualmente a única do Brasil – impactou a performance do Ibovespa e levou as ações B3SA3 a uma das maiores quedas do dia, com -3,19%. Richetti, diz que a notícia do projeto da Mubadala para abrir uma segunda Bolsa a partir de 2025 impacta diretamente a B3.
Segundo informações do jornal O Globo, a Bolsa da Mubadala está sendo preparada para operar diversos ativos do mercado, como ações, derivativos, câmbios, entre outros.
Oscilação de ações no Ibovespa
O Grupo Pão de Açúcar – GPA (PCAR3) foi um dos papéis que operou com volatilidade durante a semana. O balanço trimestral da empresa prejudicou as negociações, após demonstrar um prejuízo de R$ 301 milhões. Com isso, as ações chegaram a estar entre as maiores baixas da sessão de segunda-feira, com queda de 7,41%.
Depois disso, a notícia de uma reestruturação do Grupo Casino – controlador da varejista – levou o papel a liderar os ganhos de quarta-feira, com alta de 11,93%, e no dia seguinte também, com avanço de 8,62%. Porém, no pregão desta sexta-feira, o PCAR3 voltou a cair novamente, a -3,72%.
“Quando a reestruturação a princípio se mostra coerente, a empresa sobe muito. Quando há alguma informação de que as questões não estão andando muito bem, a empresa cai, então a volatilidade da empresa nesse momento está muito atrelada ao grupo Casino que é detentor da marca”, conclui Richetti.
