Brasil e EUA

Ibovespa: semana tem IPCA-15, Caged e eleições na Alemanha

Na semana serão conhecidos dados de emprego no Brasil, e discursos de membros do Fed nos EUA

Ibovespa / Foto: CanvaPro
Ibovespa / Foto: CanvaPro

A agenda econômica da semana entre 24 e 28 de fevereiro terá bastante movimento, com questões políticas seguindo no radar dos investidores dando preço ao Ibovespa.

Na semana, os mercados estarão atentos aos resultados das eleições gerais na Alemanha, que definirão a nova composição do Parlamento e um novo governo. O democrata-cristão Friedrich Merz deve se tornar o novo chanceler, com seu partido conquistando cerca de 30% das intenções de voto, segundo as pesquisas.

Em momentos de políticas não polarizadas, a formação de um governo de centro-direita tende a impulsionar um rali na bolsa alemã e a valorização do euro, considerando que a Alemanha é a maior economia da zona do euro. Isso porque os democratas-cristãos são associados a uma política econômica pró-mercado, com menos impostos e menores gastos públicos. “Ainda mais porque o atual governo, liderado pelos social-democratas, foi dissolvido após perder o voto de confiança em dezembro, depois da demissão do ministro das Finanças, do Partido Liberal, em meio a tentativas de derrubar um freio constitucional em relação ao aumento dos gastos públicos no país”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.

Contudo, a complexidade das regras eleitorais alemãs será monitorada de perto. Caso os partidos de esquerda e da extrema-direita somem um terço dos votos, haveria bloqueios para mudanças significativas na política fiscal do próximo governo.

Além disso, a imigração tem sido o principal tema da eleição, impulsionada por ataques isolados cometidos por imigrantes no país, o que acaba favorecendo o discurso xenofóbico da Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita que aparece na segunda posição nas pesquisas.

Brasil e EUA

No Brasil, a semana começa movimentada com a divulgação dos números da arrecadação de janeiro na segunda-feira (27). No mesmo dia, sai o tradicional Boletim Focus, com destaque para as projeções do mercado para o PIB de 2025, após a queda maior do que o esperado do IBC-Br de dezembro, considerado uma prévia do PIB pelo Banco Central.

Na terça-feira (28), será divulgado o IPCA-15. A expectativa é que o indicador fique acima de 1%, impactado pela recomposição do preço da energia após o fim do bônus de Itaipu, o aumento do preço do diesel pela Petrobras (PETR4), o avanço de impostos estaduais sobre combustíveis e a alta nos preços de materiais escolares.

Além disso, no meio da semana, saem os números do Caged, indicando a criação de postos formais de trabalho no Brasil.

Nos EUA, o foco será os discursos dos membros do Fed (Federal Reserve), especialmente após a autoridade monetária mencionar, pela primeira vez na ata da última reunião, as incertezas das políticas migratórias e comerciais do governo de Donald Trump.

“Por enquanto, os investidores projetam apenas um corte nas taxas de juros, provavelmente na reunião de julho ou setembro, embora cresçam as expectativas de manutenção das taxas no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao longo do ano”, disse Manzoni.

Como o mercado se comportou entre 17 e 21 de fevereiro

O Ibovespa encerrou a semana com uma leve contração, registrando pouca movimentação entre os dias 17 e 21 de fevereiro. No entanto, o mercado teve momentos de otimismo com pesquisas eleitorais.

A primeira, do Datafolha, mostrou que o presidente Lula atingiu seu pior nível de aprovação desde o início do mandato, levando o mercado a considerar que ele pode enfrentar dificuldades na reeleição, o que agradou os investidores. Outro ponto de atenção foi a possível candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência, que também repercutiu no mercado.

No cenário corporativo, a Vale (VALE3) — uma das empresas com maior peso no Ibovespa — registrou prejuízo de quase R$ 700 milhões no último trimestre de 2024, revertendo o lucro do período anterior. “Isso acabou pressionando as ações e impactando negativamente o mercado. Também tivemos uma queda no petróleo lá fora, o que reduziu as cotações, mesmo com a alta do minério de ferro no mercado chinês. Acredito que isso seja uma movimentação de correção”, avaliou Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos e da casa de análise Top Gain.

No âmbito fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), enfrenta o desafio de arrecadar R$ 40 bilhões para zerar o déficit fiscal. Além disso, o Plano Safra também trouxe dificuldades para a equipe econômica.

Na sexta-feira (21), Haddad anunciou a liberação de R$ 4 bilhões em crédito extraordinário para destravar as linhas de crédito subvencionadas do Plano Safra, que haviam sido suspensas pelo Tesouro Nacional. Assim, o movimento está sendo analisado com cautela pelos analistas de mercado.

Ibovespa na semana

  • Segunda-feira (17): +0,26%
  • Terça-feira (18): -0,02%
  • Quarta-feira (19): -0,95%
  • Quinta-feira (20): +0,23%
  • Sexta-feira (21): – 0,37%
  • Semana: -0,85%