Ibovespa tem 5ª alta seguida apesar de pressão com tensões geopolíticas

O Ibovespa encerrou em sua quinta alta consecutiva nesta segunda-feira (14), em sessão de volatilidade frente as tensões de uma possível invasão da Rússia na Ucrânia e o fraco desempenho de bolsas norte-americanas durante o dia. Apesar de ter virado para queda à tarde, o principal benchmark brasileiro recuperou os ganhos apoiado em ações de empresas ligadas ao consumo interno e varejistas, porém não conseguiu sustentar os 104 mil pontos atingidos em certo momento do pregão.

A notícia de que os Estados Unidos realocaram a embaixada na capital ucraniana para o oeste do país causou a desvalorização no dólar, que caiu a R$ 5,219 – menor valor desde 6 de setembro do ano passado (R$ 5,176), com o real entre as divisas globais de melhor operação no dia, ainda embalado pelo atrativo juro oferecido pelo Brasil.

Em relação ao conflito geopolítico, as preocupações de um embate na região do leste europeu foram intensificadas após que o conselheiro de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Jake Sullivan, alertou na véspera (13) que o Kremlin acelerou sua estrutura militar ao longo da fronteira do país nos últimos 10 dias.

Além disso, os EUA revelaram no domingo (13) que a Rússia pode invadir o território ucraniano a qualquer momento e criar um pretexto surpresa para atacar.        

Apesar do país mais extenso do mundo ter negado essa afirmação, o governo da Ucrânia disse hoje ter tido acesso a informações que revelam a data de um possível ataque da Rússia ao território ucraniano. A fala veio do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em pronunciamento a noticiários locais. De acordo com o chefe de estado, o documento mostra que na quarta-feira (16) está previsto para acontecer uma movimentação das tropas russas em direção à região ucraniana. 

A tensão entre os dois países seguiu causando volatilidade nos índices da maior economia do mundo, impacto que já vinha sendo registrado nos últimos dias. Enquanto mercados aguardam os próximos movimentos por parte do governo russo, o Dow Jones iniciou a semana com queda de 0,50%, aos 34.565 pontos, o S&P 500 recuou 0,39%, aos 4.401 pontos, e a Nasdaq fechou estável, aos 13.790 pontos. 

As falas do presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central estadunidense) da cidade de St. Louis, James Bullard, também prejudicaram o pregão em Wall Street. Bullard afirmou que a decisão do cronograma de alta de juros deve ser realizada pelo presidente da instituição, Jerome Powell, mas destacou que defende aumento em 100 pontos-base (1%) na taxa básica até 1º de julho.

Ainda no exterior, o barril de petróleo atingiu a uma máxima de sete anos, com o barril de Brent chegando a ser negociado a US$ 96,16 (R$ 504,84), o valor mais alto desde outubro de 2014, segundo a Reuters. O barril tipo WTI (março de 2022) encerrou com ganhos de 2,34% a US$ 95,28, e o tipo Brent (abril de 2022) subiu 1,92% a US$ 96,25.

Mesmo com a valorização da commodity, as ações da Petrobras (PETR3,PETR4) não acompanharam o movimento e fecharam em baixa, com queda de 2,58% para PETR3 e de 1,60% para 3R Petroleum (RRRP3).

Voltando ao cenário interno, outro papel de peso que apresentou baixa nesta sessão foi o da Vale (VALE3), em meio à queda do minério com notícias de investigação sobre a alta de preços pela China. 

No lado positivo, as ações da Banco Inter (BIDI11) dispararam 7,84%, seguidas pela Petz (PETZ3) e Hypera (HYPE3), com ganhos de 6,59% e 4,35%, respectivamente.

Os investidores aguardam por mais uma esteira de resultados corporativos, com grande expectativa pelos números do Banco do Brasil (BBAS3), que serão revelados após o fechamento. Além da instituição, Itaúsa (ITSA3), Engie (EGIE3), Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3) também divulgarão seus balanços mais tarde. 

O radar doméstico contou ainda com a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, que informou uma elevação nas projeções de inflação para 2022 pelos economistas, migrando de 5,44% para 5,50%. Já as estimativas para Selic no final do ano saíram de 11,75% para 11,25%. A semana também começa com ansiedade pelas discussões a respeito do preço dos combustíveis. 

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reportou nesta segunda que o Brasil bateu recorde na venda de combustíveis no ano passado, totalizando 139,5 bilhões de litros. Esse foi o maior volume da série histórica iniciada no ano 2000 pela ANP.

Na Europa, as bolsas não conseguiram escapar ilesas das tensões entre Rússia e Ucrânia e todos os principais índices do continente encerraram no negativo. 

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, realizou um discurso no parlamento europeu nesta tarde e prometeu “medidas certas no momento certo” a fim de garantir uma estabilidade dos preços na zona euro, em meio ao período em que a inflação atinge máximas e surgem críticas sobre inalteração das taxas de juro.

Bolsa

O Ibovespa fechou em alta de 0,29%, aos 113.899 pontos. O volume financeiro foi de R$ 25,8 bilhões.

Maiores altas

Banco Inter (BIDI11) +8,04%;
Petz (PETZ3) +6,59%;
Hypera (HYPE3) +4,35%;
Totvs (TOTS3) +3,76%;
Americanas (AMER3) +3,63%

Maiores baixas

Petrobras (PETR3) -2,58%;
Marfrig (MRFG3) -2,53%;
Via (VIIA3) -2,43%;
Petrobras (PETR4) -2,25%;
Carrefour (CRFB3) -2,10%

Dólar

A moeda americana caiu 0,44%, a R$ 5,219.