
O Ibovespa será guiado por mais sinais em relação à trajetória da política monetária nos próximos meses, especialmente a taxa terminal da Selic no atual ciclo de aperto. A semana entre 23 e 29 de março sucede o novo aumento da taxa básica de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária) para 14,25%.
A semana se inicia com a divulgação do tradicional Boletim Focus, na segunda-feira (24), o que deve influenciar as apostas dos investidores. Os últimos indicadores econômicos não devem trazer mudanças significativas para as projeções de 2025, 2026 e 2027. O mercado deve monitorar se o tom dovish no último comunicado do Copom alterará as expectativas para a Selic no final de 2025, de 15% estimados para 14,75%.
“É provável que uma eventual revisão da taxa Selic no fim do ano seja vista no Boletim Focus do dia 31 de março”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing. Segundo ele, os economistas vão aguardar a ata da última reunião do Copom para entender como a entidade avalia a “incipiente” desaceleração da economia mencionada no comunicado.
Se os economistas enxergarem que essa desaceleração é mais forte do que o comunicado sugere inicialmente, devem ocorrer diversas revisões na taxa terminal do atual ciclo de aperto. O mais provável é que a ata indique que o BC (Banco Central) já vê sinais de desaceleração provocados pelo choque de juros.
Nos EUA, o destaque da semana fica para indicadores como o CB (Confiança do Consumidor da Conference Board) na terça-feira (25), bem como o PIB do quarto trimestre de 2024. No final da semana, na sexta-feira (28), será divulgado o indicador preferido do Fed para medir a inflação do país: o PCE (preço dos gastos dos consumidores).
A expectativa é que não haja aceleração na comparação mensal. Contudo, se os dados vierem acima do esperado, podem reforçar o sentimento de aversão ao risco que domina os mercados. “Isso levaria o Fed a focar no mandato de estabilidade de preços em relação ao mercado de trabalho, ou seja, uma política monetária mais dura, o que faria os investidores reduzirem a expectativa de cortes de juros para este ano”, acrescentou Manzoni.
Mercados foram movidos por decisões de BCs entre 17 e 21 de março
A agenda econômica brasileira foi marcada pela decisão do Copom do BC (Banco Central) de elevar a Selic para 14,25%, mantendo o ciclo de aperto monetário, afetando o Ibovespa.
“A medida, embora esperada, veio acompanhada de um comunicado mais agressivo, destacando riscos inflacionários persistentes, especialmente no setor de serviços, e uma preocupação crescente com a política econômica dos EUA”, comentou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
Mesmo com o contexto de aperto, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) surpreendeu positivamente, sinalizando uma recuperação da economia no início de 2025. Contudo, é esperado que o crescimento desacelere ao longo do ano, à medida que os efeitos da Selic mais alta se intensifiquem. Em termos de inflação, as projeções para 2025 seguem estáveis, mas com ajustes pontuais no IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) e no IPC (Índice de Preços ao Consumidor), refletindo um ambiente incerto.
“A expectativa é que o dólar continue sua trajetória de leve queda, o que pode beneficiar o setor exportador, embora a volatilidade global ainda exija cautela”, acrescentou Monteiro.
EUA
Nos EUA, a semana também foi marcada por decisões envolvendo política monetária. O Fed (Federal Reserve), Banco Central dos EUA, optou por manter as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, com a expectativa de que sigam nesse patamar até maio, com possíveis cortes somente em junho.
O Fed reconheceu que a economia do país está crescendo, mas a incerteza gerada pelas políticas do governo Trump, como tarifas e mudanças no mercado de trabalho, ainda afeta as projeções econômicas. “As autoridades estão dispostas a ajustar as taxas conforme os dados econômicos, refletindo a preocupação com o impacto dessas políticas no longo prazo”, afirmou o CEO.
Ibovespa na semana
- Segunda-feira (17): +1,46%
- Terça-feira (18): +0,49%
- Quarta-feira (19): +0,79%
- Quinta-feira (20): -0,42%
- Sexta-feira (21): +0,30%
- Semana: +2,63%