'Bons dividendos'

Índice dos FIIs, o IFIX, tem maior alta mensal desde 2023

No mês, os ganhos foram de 3,34% e o índice dos FIIs conseguiu apagar as perdas em 2025

Foto: Dividendos/CanvaPro
Foto: Dividendos/CanvaPro

O índice de referência dos FIIs (fundos de investimentos imobiliários), IFIX, registrou a maior alta mensal desde dezembro de 2023 durante o mês de fevereiro deste ano, após engatar sua maior sequência de perdas da história. No saldo do mês, avançou pouco mais de 3%, acima do patamar de 3 mil pontos.

Na sessão de sexta-feira (28), o índice subiu 0,19%, aos 3.121 pontos. No acumulado da semana passada, a variação foi tímida, mas positiva, em 0,46%. No mês, os ganhos foram de 3,34% e o índice dos FIIs conseguiu apagar as perdas em 2025.

Essa classe de ativos tem sofrido na Bolsa desde o ano passado, por conta do quadro macroeconômico com juros mais altos e inflação também alta, que tendem a provocar um movimento de saída dos ativos de risco em direção à renda fixa, conhecida por pagar bons retornos em cenários de Selic elevada.

Além disso, o início deste ano foi marcado por uma discussão sobre o veto do governo à isenção de tributos em cima da receita dos FIIs, o que causou um estresse adicional no mercado dessa classe de fundos de investimento, segundo o “Valor Investe”. 

“O resultado de fevereiro reflete o início de uma recuperação de tudo o que aconteceu com os fundos imobiliários nos últimos meses, período em que a indústria sofreu muito, principalmente na janela entre agosto e a metade de dezembro, quando o Ifix chegou a cair 15%”, avaliou Marco Noernberg, chefe de renda variável da Manchester Investimentos.

Os FIIs de shopping têm, no momento, o maior retorno de dividendos entre os setores mais tradicionais da classe, a 15,72%, em média, segundo o veículo.

Já os fundos de recebíveis imobiliários aparecem logo atrás, com 14,83%, seguidos pelos fundos multiestratégia, também conhecidos como “hedge funds”, com 13,96%.

Os fundos de recebíveis, que também são chamados de fundos de “papel”, são os preferidos do momento, devido ao cenário de juros elevados. Conforme explicou Noernberg, a Selic mais alta traz para esses FIIs a tendência de pagar mais dividendos, pois uma parte significativa de seus portfólios têm títulos de renda fixa atrelados ao CDI.

“Os investidores estão começando a olhar com mais carinho para esses fundos pois, além de pagarem bons dividendos, ainda estão negociando abaixo do valor patrimonial”, disse. O setor apresenta um desconto de 16% atualmente.

FIIs estão descontados, mas rendem bons dividendos, diz Manatí

O mercado financeiro tem enfrentado desafios em suas diversas frentes de investimentos. No caso dos FIIs (fundos de investimentos imobiliários), o sócio da Manatí Capital, Samuel Pereira, analisou que as cotas dos FIIs estão “super descontadas”, mas que os investidores que aderem a esses ativos têm conseguido tirar um dividend yield muito valorizado.

“Para onde isso vai, teremos que acompanhar. Começamos o mercado de FIIs em 2019 com 200 mil cotistas e terminamos, em dezembro de 2022, próximos de 2 milhões de investidores, e próximos de 3 milhões no final do ano passado”, afirmou ele, em entrevista ao BP Money durante o Smart Summit, nesta quinta-feira (13).

O sócio da Manatí Capital também reforçou que esses investidores entraram na classe dos FIIs acreditando ser um ativo que protegeria o patrimônio, com uma distribuição constante de dividendos.

Porém, com o momento de crise inflacionária e juros altos, eles tiveram as expectativas frustradas, o que os levou à venda das cotas por preços mais baixos, influenciando seu valor.

A desancoragem das expectativas da inflação segue sendo uma problema para o mercado, que espera um índice inflacionário acima da meta nos próximos 12 meses, com isso, a percepção é que o ciclo de alta da Selic deve se manter, mas Pereira preferiu não precificar o quanto.

“O que temos para 2025 é uma expectativa muito baixa quanto ao custo da dívida, no que diz respeito à Selic. Acreditamos que a taxa vai aumentar um pouco mais para combater a inflação, e isso trás o mal humor que vemos no Ibovespa e no IFIX”, disse.

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