O Boletim Focus divulgado na segunda-feira (2) expôs uma dinâmica complexa no cenário macro-econômico brasileiro. Pela sétima semana consecutiva, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal medidor da inflação, foi ajustado para cima, indicando a preocupação do mercado quanto às pressões inflacionárias persistentes.
A projeção para o IPCA de 2024 subiu para 4,26% no relatório desta semana, ante estimativa de 4,25% na semana passada.
Segundo o economista Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, os principais fatores que continuam pressionando a inflação são: os choques climáticos, que resultado na alta dos preços de alimentos, a alta nos preços de energia, os custos elevados em Habitação e Transportes e desafios econômicos globais.
Embora a sequência de altas preocupe, Voltei chamou atenção para o incremento modesto no último boletim, de 0,01%. “Isso sugere que, a partir da próxima semana, poderemos observar uma estabilidade na taxa de inflação”, destacou.
Como fica a Selic?
Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, pontuou que a elevação contínua das expectativas de inflação indica uma pressão inflacionária persistente que pode ter implicações significativas para a política monetária.
“Esse cenário desafia o BC a equilibrar a inflação e o crescimento econômico enquanto mantém a taxa Selic em 10,5%. Além disso, a valorização do dólar, com projeções atingindo R$ 5,33, reflete incertezas no mercado cambial, possivelmente alimentadas por fatores externos e internos. Tal valorização pode impactar diretamente os preços de importação e, consequentemente, a inflação interna”, afirmou Murad.
Segundo Andre Colares, as perspectivas de manutenção da Selic em 10,50% apesar das pressões inflacionárias indicam que o BC deve adotar postura cautelosa.
“A combinação de inflação alta, Selic elevada e incertezas fiscais cria um cenário desafiador para o crescimento econômico e para os investimentos, com impactos diretos sobre a confiança do mercado e os números recordes recentes na B3”, completou Colares, sinalizando que cenário atual é de “vigilância constante”.