Economia americana

'Inflação segue diminuindo, mas não tão rápido', diz vice do Fed

Um sinal que Jefferson considera positivo é o fato de que as expectativas de inflação de longo prazo, com horizonte de cerca de dez anos

Inflação americana
Fed nos EUA / Foto: Freepik

Apesar de a leitura da inflação dos Estados Unidos em abril ter sido considerada “encorajadora” após um primeiro trimestre com números mais elevados, o processo de desinflação no país não tem ocorrido tão rapidamente quanto o Federal Reserve (Fed) gostaria, afirmou nesta segunda-feira o vice-presidente do banco central americano, Philip Jefferson.

“Os dados do índice de preços ao consumidor (CPI) e do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de abril apontam para um aumento mais modesto no mês passado”, afirma Jefferson.

“Mesmo assim, a equipe [de economistas] do Fed estima que o núcleo dos preços do PCE aumentou a uma taxa anual de 4,1% nos primeiros quatro meses do ano. Isso está bem acima da variação de 12 meses, que estimamos em 2,75%”, completa o vice-presidente do Fed.

Ainda assim, dirigente considera que “ainda é muito cedo” para definir se essa desinflação mais lenta vai perdurar.

“Isso mostra que o povo americano acredita que cumpriremos nosso compromisso de trazer a inflação totalmente de volta ao nosso objetivo”, disse o dirigente.

Um setor da economia que não tem respondido tão rapidamente aos juros é o imobiliário. Embora seja uma das áreas mais sensíveis à política monetária do Fed, Jefferson afirmou que os preços no setor devem permanecer elevados por algum tempo.

Expectativas de inflação

Jefferson considera positivo o fato de que as expectativas de inflação de longo prazo, com um horizonte de cerca de dez anos, continuam próximas aos níveis anteriores à pandemia de Covid-19.

“Essa defasagem sugere que o grande aumento nos aluguéis de mercado durante a pandemia ainda está sendo repassado aos aluguéis existentes e pode manter a inflação dos serviços habitacionais elevada por mais algum tempo”, afirmou Jefferson.

Segundo ele, isso ocorre porque os preços dos aluguéis de mercado se ajustam mais rapidamente às variáveis econômicas do que os proprietários trocam de inquilinos.

Outro fator que afeta a transmissão da política monetária ao setor imobiliário americano é a prevalência de taxas hipotecárias fixas. Atualmente, a taxa fixa de 30 anos está em 7%, enquanto a taxa média das hipotecas pendentes é de 4%, de acordo com o banqueiro central.

“Essa taxa de hipoteca pendente mais baixa se deve às famílias que fixaram as taxas durante os períodos de juros mais baixos, inclusive quando o Fed reduziu os juros para quase zero logo após o início da pandemia”, finalizou Jefferson.