Projetos de infraestrutura podem ser o “grande chamariz” de investidores no mercado de crédito, na avaliação da AZ Quest. Segundo a gestora, na contramão de setores como agronegócio e imobiliários, os papéis de infra ganharam mais espaço este ano.
“Infraestrutura está no seu ‘ano de ouro’, na contramão de agronegócio e imobiliário. Não teve restrição, teve uma ampliação de lastro”, afirmou Samuel Cordeiro dos Santos, gestor de infraestrutura da AZ Quest, durante evento da TAG Investimentos nesta quarta-feira (15).
Os lastros (garantias) permitidos para operações de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e do CRAs (Agronegócio), além de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Imobiliário), foram limitados no começo do ano pelo CNM (Conselho Monetário Nacional).
As debêntures de infraestrutura, por sua vez, , que oferecem o benefício fiscal para a empresa emissora e não para os investidores, foram regulamentadas, abarcando setores como o de infraestrutura social. O setor de óleo e gás ficou de fora.
Mercado para crédito é bom com juros e inflação altos, diz PM da Occam
O Finance Day foi realizado na manhã desta quarta-feira (15), no Itaim, em São Paulo. Promovido pela ABAI (Associação Brasileira de Assessores de Investimentos) e pelo BP Money, o evento teve como tema central “o panorama do crédito na economia e no mercado imobiliário. O mercado de capitais é a solução?”.
Com mediação de Eduardo Vahan, sócio-fundador da Manatí Capital, o debate foi realizado por José Urbano, ex-VP de Habitação da Caixa Econômica, e Petrônio Cançado, PM (Product Manager) de crédito privado da Occam e Ex-Diretor do BNDES.
Durante a palestra, Cançado analisou o atual cenário econômico destacando o poder dos EUA em todo o mundo. “Olhando para a perspectiva a longo prazo dos EUA, temos uma noção melhor desse cenário. Vivemos um período longo de juros e inflação muito baixo e o ponto é que passamos dessa fase, mas que isso é normal”.
De acordo com o PM de crédito privado da Occam, juros altos e inflação alta torna o mercado bom para crédito.
“Tivemos um ciclo de alta de juros nos EUA por conta de inflação o que é bom para crédito e para renda fixa. Por conta de uma série de dados e da postura do presidente do Fed apontavam que estávamos, aparentemente, num cenário de uma coisa muito boa, com a economia perdendo força gradualmente e podendo baixar juros por conta da inflação”, avaliou Cançado.
“As pessoas começaram a acreditar, no início deste ano, num início de queda de juros lá fora e este cenário é de tomada de risco no mundo inteiro, o que contribui para isso”, completou.
Segundo ele, o “patamar elevado” no cenário de juros reduz o apetite a risco e faz outros países olhar para os EUA. “Se a economia lá está forte, por que eu vou investir no Brasil?”, questionou. “As pessoas começaram a chamar mais atenção para problemas que temos no Brasil e isso veio para ficar”.