O CEO da Intel, Pat Gelsinger, virou alvo de críticas nas redes sociais após fazer um post com versículo bíblico no X (antigo Twitter). Alguns internautas consideraram a mensagem ofensiva por ter sido publicada pouco depois do anúncio de demissão de 15 mil pessoas até o fim deste ano.
O post do executivo cita o versículo de Provérbios 4:25-26:
“Olhe sempre para a frente, mantenha o olhar fixo no que está adiante de você. Veja bem por onde anda, e os seus passos serão seguros”, publicou o executivo.
O que está acontecendo com a Intel?
O anúncio de demissão em massa de funcionários da Intel foi acompanhado de previsão de prejuízo e corte de dividendos. Até o último pregão da semana passada, as ações da companhia caíram até 29%.
As vendas para o segundo trimestre deste ano serão de US$ 12,5 bilhões a US$ 13,5 bilhões, informou a empresa. Analistas esperavam um resultado de R$ 14,38 bilhões.
Sobre o corte nos pagamentos de dividendos, a Intel anunciou que continuará assim até que “os fluxos de caixa melhorem para níveis sustentáveis mais altos”. A empresa paga dividendos desde 1992.
A Intel, que já foi a maior fabricante de chips do mundo e uma das quatro gigantes da era ponto-com junto com Cisco, Microsoft e Dell, alcançou um valor de mercado de quase 500 bilhões de dólares em 2000. No entanto, após a queda do mercado naquele ano, suas ações nunca mais se recuperaram completamente.
“A Intel tem sido um dos cavaleiros esquecidos da tecnologia nas últimas duas décadas”, disse Michael Schulman, diretor de investimentos da Running Point Capital. “Nunca superou seus máximos do ano 2000 e está lutando para que os lucros voltem ao patamar em que estavam antes da revolução da IA.”
A má fase financeira está relacionada com os altos investimentos que a Intel vem fazendo em pesquisa e desenvolvimento, além da construção de novas fábricas nos EUA e Europa para suprir a alta demanda que hoje vem sendo suprida pelas concorrentes AMD, Qualcomm e Apple.
O setor de inteligência artificial também não vai bem e a Intel tem visto a Nvidia crescer cada vez mais nessa frente, dominando o mercado doméstico com suas placas gráficas e o corporativo com uma infinidade de soluções para todo tipo de negócio.
Também não ajuda a crise que a companhia vem enfrentando com seus processadores domésticos de 13ª e 14ª geração. Com problemas de instabilidade, os componentes forçaram a Intel a estender sua garantia em dois anos à medida que pedidos de troca e clientes insatisfeitos se amontoam.
Os concorrentes especializados em inteligência artificial têm conquistado alguns dos clientes da Intel. A Nvidia, por exemplo, tem agora mais que o dobro das vendas trimestrais da empresa.