O CEO da Intel, Pat Gelsinger, anunciou parceria com a AWS, da Amazon, a fim de impulsionar a recuperação da fabricante de chips.
A Intel e a AWS vão investir conjuntamente em um semicondutor personalizado para computação de inteligência artificial, em uma “estrutura multibilionária”, de acordo com a Fortune.
O trabalho dependerá do processo 18A da Intel, uma tecnologia avançada na fabricação de chips.
“O anúncio de hoje é grande”, disse Gelsinger em uma entrevista. “Este é um cliente muito exigente que tem capacidades de design muito sofisticadas.”
A notícia foi parte de uma enxurrada de anúncios que se seguiram a uma reunião crucial do conselho na semana passada.
A Intel também está adiando novas fábricas na Alemanha e na Polônia, mas continua comprometida com sua expansão nos EUA no Arizona, Novo México, Oregon e Ohio – deve receber US$ 8,5 bilhões do governo americano até o final do ano para isso.
O que está acontecendo com a Intel?
O anúncio de demissão em massa de funcionários da Intel foi acompanhado de previsão de prejuízo e corte de dividendos. Até o último pregão da semana passada, as ações da companhia caíram até 29%.
As vendas para o segundo trimestre deste ano serão de US$ 12,5 bilhões a US$ 13,5 bilhões, informou a empresa. Analistas esperavam um resultado de R$ 14,38 bilhões.
Sobre o corte nos pagamentos de dividendos, a Intel anunciou que continuará assim até que “os fluxos de caixa melhorem para níveis sustentáveis mais altos”. A empresa paga dividendos desde 1992.
A Intel, que já foi a maior fabricante de chips do mundo e uma das quatro gigantes da era ponto-com junto com Cisco, Microsoft e Dell, alcançou um valor de mercado de quase 500 bilhões de dólares em 2000. No entanto, após a queda do mercado naquele ano, suas ações nunca mais se recuperaram completamente.
“A Intel tem sido um dos cavaleiros esquecidos da tecnologia nas últimas duas décadas”, disse Michael Schulman, diretor de investimentos da Running Point Capital. “Nunca superou seus máximos do ano 2000 e está lutando para que os lucros voltem ao patamar em que estavam antes da revolução da IA.”
A má fase financeira está relacionada com os altos investimentos que a Intel vem fazendo em pesquisa e desenvolvimento, além da construção de novas fábricas nos EUA e Europa para suprir a alta demanda que hoje vem sendo suprida pelas concorrentes AMD, Qualcomm e Apple.
O setor de inteligência artificial também não vai bem e a Intel tem visto a Nvidia crescer cada vez mais nessa frente, dominando o mercado doméstico com suas placas gráficas e o corporativo com uma infinidade de soluções para todo tipo de negócio.
Também não ajuda a crise que a companhia vem enfrentando com seus processadores domésticos de 13ª e 14ª geração. Com problemas de instabilidade, os componentes forçaram a Intel a estender sua garantia em dois anos à medida que pedidos de troca e clientes insatisfeitos se amontoam.
Os concorrentes especializados em inteligência artificial têm conquistado alguns dos clientes da Intel. A Nvidia, por exemplo, tem agora mais que o dobro das vendas trimestrais da empresa.