O mercado de renda fixa pode estar prestes a ganhar um novo queridinho: o Certificado de Direito Creditório do Agronegócio (CDCA).
Esse título, ainda pouco conhecido pelo grande público, oferece isenção de imposto de renda e IOF, o que tem atraído o interesse tanto de investidores quanto de instituições financeiras.
Esquecido por anos, o CDCA voltou aos holofotes após uma operação recente do BTG Pactual que movimentou R$ 12,1 bilhões, gerando uma nova onda de atenção para este produto financeiro.
O que é o CDCA?
O CDCA é um título de dívida emitido por cooperativas agropecuárias ou empresas que atuam nas atividades de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos rurais.
Diferente do CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), que é emitido por uma securitizadora, o CDCA é emitido diretamente por uma empresa que possui direitos creditórios a receber de produtores rurais.
Esse diferencial torna o CDCA uma alternativa atrativa para investidores que buscam diversificação em suas carteiras de renda fixa, com o bônus da isenção tributária.
O retorno do CDCA ao mercado
Mario Okazuka Junior, CEO da GCB Capital, destacou o papel fundamental do agronegócio na economia brasileira, representando 22% do PIB do País.
“Investir em um CDCA significa alocar recursos em um setor vital para a economia nacional. Além disso, a isenção de impostos sempre atrai os investidores, o que contribui para o desenvolvimento do mercado secundário e melhora a liquidez desses papéis”, explica Okazuka.
A recente operação do BTG Pactual foi crucial para reacender o interesse pelo CDCA, que, apesar de existir há 20 anos, teve poucas ofertas públicas até então.
Riscos e oportunidades
No entanto, como qualquer investimento, o CDCA não está isento de riscos. Okazuka alerta para as diferenças entre o CDCA e o CRA: “Enquanto o CRA envolve uma securitizadora, o CDCA é emitido diretamente pela empresa devedora, o que pode representar um risco maior, dependendo das condições do mercado e do desempenho da empresa emissora.”
Além disso, fatores como o clima, os preços das commodities e os ciclos de produção agrícola podem impactar a rentabilidade do CDCA.
Portanto, é essencial que os investidores escolham ativos bem estruturados e acompanhados de perto por especialistas.
Perspectivas futuras
Para Samia Vasconcelos, especialista em finanças, os CDCAs oferecem benefícios notáveis, especialmente a isenção de impostos, que pode aumentar significativamente a rentabilidade líquida para investidores individuais e institucionais.
“O CDCA está lastreado em um setor resiliente e em crescimento, o que proporciona uma segurança adicional para quem busca estabilidade e diversificação”, afirma Vasconcelos.
O recente aumento de interesse, impulsionado pela operação do BTG Pactual, indica que os CDCAs podem se tornar uma alternativa popular para investidores que desejam participar do crescimento do agronegócio brasileiro.
Apesar dos benefícios, Vasconcelos ressalta a importância de diversificação e de uma análise cuidadosa dos riscos.
“A volatilidade dos preços das commodities e a inadimplência dos devedores são fatores que devem ser considerados. Contudo, com a devida cautela, os CDCAs têm potencial para se destacar no mercado de renda fixa nos próximos anos.”
Retorno de interesse no CDCA
Com o crescente interesse e as recentes operações que trouxeram o CDCA de volta ao radar dos investidores, este título tem potencial para se tornar a nova tendência no mercado de renda fixa.
A combinação de isenção tributária, ligação com o setor do agronegócio e oportunidades de diversificação torna o CDCA uma opção atraente para quem busca rentabilidade e segurança em seus investimentos.
Com perspectivas de crescimento tanto em volume quanto em sofisticação, o CDCA pode, em breve, ocupar um lugar de destaque no portfólio de investidores atentos às oportunidades do agronegócio.