O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) desacelerou para 0,30% no final de outubro, informou a FGV (Fundação Getúlio Vargas) nesta sexta-feira (1). Em setembro, o indicador ficou em 0,63%.
Com o resultado, o IPC-S acumula valorização de 4,40% em 12 meses. A alta de 0,30% ficou em linha com as expectativas do mercado.
Nesta leitura, seis das oito classes de despesas registraram decréscimos em relação à quadrissemana anterior: Educação, Leitura e Recreação (-0,45% para -1,10%), Habitação (1,32% para 1,09%), Despesas Diversas (0,70% para 0,42%), Vestuário (0,07% para 0,02%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,29% para 0,25%) e Comunicação (0,16% para 0,13%).
O comportamento desses grupos foi determinado, respectivamente, por passagem aérea (-2,41% para -6,33%), tarifa de eletricidade residencial (5,33% para 4,41%), cigarros (2,57% para 0,39%), calçados infantis (0,81% para 0,35%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,30% para 0,04%) e mensalidade para TV por assinatura (0,73% para 0,41%).
Houve, por outro lado, avanços em Transportes (-0,09% para 0,10%) e Alimentação (0,26% para 0,43%), influenciados, respectivamente, por gasolina (-0,25% para 0,19%) e hortaliças e legumes (-4,67% para -3,04%).
IPCA-15: mercado reage mal à alta e vê inflação ‘estourar’ a meta
O IPCA-15, prévia da inflação brasileira, de outubro deixou um gosto amargo no mercado. O dado indicou uma aceleração de 0,54% no mês, bem acima dos 0,13% registrados em setembro. O resultado também ficou acima do esperado pelo consenso LSEG de analistas, que previa alta de 0,50%.
Especialistas consultados pelo BP Money foram unânimes ao afirmar que o IPCA-15 de outubro acentuou a desancoragem das expectativas para a inflação. Ou seja, com este dado, o mercado vê o IPCA ainda mais distante da meta de 3%.
“Em um ambiente já deteriorado por conta de um cenário fiscal delicado e desancoragem das expectativas, um indicador de inflação mais forte definitivamente não ajuda”, destacou Helena Veronese, Economista-Chefe B.Side Investimentos.
Segundo o economista Maykon Douglas, portanto, os desafios para a inflação corrente e futura levarão o BC a apertar ainda mais a política monetária. A aposta do especialista é que de o Copom (Comitê de Política Monetária) elevará a Selic em 0,50 p.p na próxima reunião.
“Além da energia novamente mais cara, os núcleos de inflação vieram acima do projetado pelo mercado e se estabilizam em um patamar incômodo, longe da meta”, avaliou Douglas.
A projeção de Andre Fernandes, head da mesa de renda variável e sócio da A7 Capital, também é de alta da Selic. “Vemos um cenário inflacionário cada vez pior, e sem previsão de melhora no cenário fiscal para ancorar as expectativas de inflação, que poderia ajudar o país a ter juros mais baixos”, pontuou.