Copom menos duro?

IPCA-15 é sinal positivo, mas desafios ainda pesam sobre a Selic

Segundo especialistas, inflação moderada pode influenciar decisões da política monetária, mas alta de preços e incertezas ainda preocupam

IPCA-15
Foto: Freepik

A divulgação do IPCA-15, prévia da inflação oficial do Brasil, na manhã desta quarta-feira (25) foi uma surpresa positiva. O índice marcou um recuo para 0,13% em setembro ante 0,19% em agosto.

Com isso, o IPCA-15 acumula, no ano, alta de 3,15%. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,12%, abaixo dos 4,35% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2023, a taxa foi de 0,35%.

Os dados de setembro vieram abaixo do consenso LSEG de analistas, que previam inflação mensal acelerando para 0,30% e taxa anualizada de 4,30%.

O mercado reagiu com entusiasmo à divulgação, com o Ibovespa iniciando o pregão no campo positivo. Afinal, a inflação, de fato, desacelerou? Como fica a Selic nisso?

Especialistas consultados pelo BP Money analisaram o índice e avaliaram se pode ou não haver influência nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).

Inflação moderada?

Na avaliação de Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, apesar das altas em setores específicos, como energia elétrica e alimentação, o cenário geral da inflação desacelerou.

Lima destacou ainda que a queda nos preços dos combustíveis, como gasolina e etanol, ajudou a compensar parte do impacto da alta em outras categorias.

Isso, segundo o especialista, pode influenciar as decisões futuras da política monetária e levar a aumentos menos agressivos na Selic.

Felipe Vasconcellos, Sócio da Equss Capital, chama atenção ainda para a taxa acumulada de 4,12% nos últimos 12 meses, que permanece dentro do teto da meta estabelecida pelo BC.

A boa notícia levou Leonardo Costa, economista do ASA, a revisar as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O índice de setembro foi revisado para +0,50%, contra estimativa anterior de 0,63%.

“Efeito da apropriação de serviços mais fracos no IPCA-15, também considerando alta menor em cigarros (acreditamos que deve vir no dado do mês) e alimentação mais fraca”, pontuou o economista.

Para outubro, o IPCA foi revisto de +0,41% para +0,46%. “Aqui consideramos o fim da promoção de cinemas, com aceleração também do núcleo de serviços”, disse Costa.

Por fim, o IPCA de 2024 foi revisado para baixo: de 4,6% para 4,5%. O IPCA de 2025 segue projetado em 4,1%.

Desafios persistem

Especialistas chamam atenção, porém, para a persistência das pressões inflacionários e incertezas no cenário interno e externo.

Vasconcellos destacou que a alta dos preços, especialmente no setor de Habitação, continua sendo uma “preocupação significativa”. No IPCA-15 de setembro, o grupo foi puxado pela energia elétrica residencial (de -0,42% em agosto para 0,84%).

Além disso, avaliou João Kepler, CEO da Equity Fund Group, o mercado pode estar “excessivamente pessimista” em relação à situação fiscal do país, o que deve ser considerado no cenário econômico.

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