Mercado

IPCA de janeiro sobe 0,42%, pressionado por alimentos

Dados ficaram acima do esperado, pois o consenso de analistas estimava inflação de 0,34% na comparação mensal e de 4,42% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação do país, desacelerou para 0,42% em janeiro, após ter registrado uma alta de 0,56% em dezembro. Esses dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (8). Com essa variação, a inflação acumulada nos últimos 12 meses recuou de 4,62% para 4,51%.

Os dados divulgados ficaram acima das expectativas, uma vez que o consenso de analistas da LSEG projetava uma inflação de 0,34% na comparação mensal e de 4,42% em 12 meses.

O aumento no primeiro mês do ano foi especialmente influenciado pelo crescimento de 1,38% no grupo de alimentos e bebidas, que possui o maior peso no indicador (21,12%). Como resultado, os alimentos também tiveram o maior impacto sobre o índice do mês, contribuindo com 0,29 ponto percentual.

De acordo com André Almeida, gerente da pesquisa, o aumento nos preços dos alimentos está principalmente relacionado à temperatura elevada e às chuvas mais intensas em várias regiões produtoras do país. Ele observa que essa foi a maior alta de alimentos e bebidas para um mês de janeiro desde 2016, quando atingiu 2,28%.

Para o head de renda variável e sócio da A7 Capital, Andre Fernandes, embora o IPCA tenha vindo acima do esperado pelo mercado, o índice ainda veio com uma variação menor do que visto em Dezembro, em que a variação mensal foi de +0,56% e anual de +4,62%, “o que eu vejo como positivo”, destaca.

Do lado negativo, Fernandes afirmou, que o que puxou o IPCA para cima no mês de janeiro foi principalmente o segmento de transportes. “Na minha visão, essa alta tem a ver com aumentos nas passagens de ônibus, além de hospedagens, que eventualmente os preços são maiores nessa época de início de ano”, afirmou.

“Do lado positivo, o que puxou para baixo, foi o segmento de alimentos no domicilio, principalmente tomate, que apresentou uma alta menor que em dezembro, assim como cebola e mamão, que apresentaram queda em relação a dezembro, refletindo uma expectativa de um clima melhor para a safra de alimentos”, ressaltou.

Ainda assim, Fernandes destaca que é possível notar que a inflação na média anual vem recuando, o que corrobora para que o Banco Central possa eventualmente acelerar os cortes da Selic, mas isso ainda depende do movimento do FED, que ainda não começou a cortar os juros nos EUA. Isso deixa, na minha opinião, o Banco Central com uma postura mais conservadora, apesar da nossa inflação estar convergindo para a meta.

Outros setores

Por outro lado, o grupo de transportes, o segundo de maior peso no IPCA (20,93%), registrou deflação de 0,65% no mês. “O maior impacto individual veio das passagens aéreas, que tinham subido em setembro, outubro, novembro e dezembro do ano passado e caíram 15,22% em janeiro”, destaca o pesquisador. Nos quatro últimos meses de 2023, houve uma alta acumulada de 82,03% nesse subitem.

No grupo de saúde e cuidados pessoais (+0,83%), houve aumento em higiene pessoal (0,94%), com as altas do produto para pele (2,64%) e do perfume (1,46%). Outros itens de destaque foram o plano de saúde (0,76%) e os produtos farmacêuticos (0,70%).

O grupo de habitação (0,25%) registrou aumento impulsionado pelo aumento nos preços da taxa de água e esgoto (0,83%) e do gás encanado (0,22%), enquanto a energia elétrica residencial (-0,64%) teve queda.

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