Selic deve subir

IPCA de setembro não deve alterar rota do Copom, dizem especialistas

Segundo o índice, a inflação avançou para 0,44%, com acúmulo de 3,31% no ano e de 4,42% nos últimos doze meses

IPCA
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O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de setembro registrou inflação de 0,44%, com acúmulo de 3,31% no ano e de 4,42% nos últimos doze meses.

O dado ficou abaixo do projetado por analistas do mercado, que esperavam alta de 0,45%/0,46%. Apesar disso, o ciclo de alta de juros definido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na última reunião não deve ser alterado.

Para Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio-fundador da GT Capital, o IPCA de setembro bateu o martelo de que a meta de inflação de 3% não será alcançada.

“Os números do IPCA de hoje somente acrescentam que é necessário o Copom agir caso deseje chegar perto da meta , o que deve fazer aumentando a Selic nas próximas três reuniões”, disse Labarthe.

Alex Andrade, Ceo da Swiss Capital, concorda. Segundo ele, embora o resultado tenha ficado abaixo do esperado, evidencia a resistência da inflação. “O dado, provavelmente, fará o BC subir novamente a Selic”, afirmou Andrade.

Na última reunião, o Copom decidiu elevar a Selic em 0,25 p.p. Na ata, o comitê deixou claro que o ciclo de aperto foi decidido de forma gradual, mas sem deixar claro qual seria o ritmo.

IPCA de setembro não teve surpresas

A alta do IPCA foi impulsionada, principalmente, pelo aumento significativo dos preços da energia elétrica residencial, devido à implementação da bandeira tarifária vermelha nível 1. A inflação passou de -2,77% em agosto para 5,36% em setembro.

Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a alta reflete a crise hídrica vivenciada pelo Brasil.

“O aumento dos custos de energia, um insumo básico e essencial, pode gerar efeitos indiretos em outros setores da economia, afetando os preços de produtos e serviços que dependem fortemente desse insumo”, destacou Lima.

Esse impacto não foi nenhuma surpresa, salientou Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike. “Os dados do IPCA vieram dentro do que o mercado esperava, porque não teve nenhuma situação nova ou inesperada. Em relação à seca, a volta das chuvas agora deve amenizar os efetios sobre o índice”, afirmou Eyng.