Selic em 13%?

IPCA deixa gosto amargo no mercado com inflação acima da meta

O índice acelerou para 0,56% em outubro e inflação acumulada em 12 meses foi a 4,76%, acima do teto de 4,5% estabelecido pela meta de 3%

IPCA
Foto: Pixabay

O resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de outubro deixou um gosto amargo no mercado, levando a Bolsa de Valores brasileira, a B3, a iniciar o pregão desta sexta-feira (8) em queda – reflexo da preocupação dos investidores diante de um cenário de inflação extrapolada.

O índice acelerou para 0,56% em outubro, novamente acima das expectativas de analistas, que previam alta entre 0,51% e 0,53%. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 4,76%, ultrapassando, assim, o teto de 4,5% estabelecido para a meta de 3%.

Segundo Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, o cenário sinaliza que a pressão sobre o poder de compra da população ainda persiste, sobretudo para as famílias que enfrentam uma elevação nos custos de bens essenciais, como energia elétrica, principal influência para alta do índice (4,74%).

“O aumento nas passagens aéreas também reflete uma recuperação no consumo de viagens, que ainda sofre os efeitos da inflação e da queda no poder aquisitivo das famílias, mas já apresenta sinais de retomada, principalmente em segmentos como turismo”, completou Sidney.

Em relação ao peso das contas de luz no índice, espera-se uma redução em novembro, devido à mudança da bandeira vermelha para a amarela, afirmou Leonardo Costa, economista do ASA.

“Em novembro, portanto, espera-se IPCA mais próximo de 0%, efeito da deflação da energia elétrica, com núcleos ainda em patamar elevado. Projetamos IPCA de 4,6% em 2024 e de 4,5% em 2025, sem alteração após a divulgação do mês de outubro”, disse Leonardo.

Onde a Selic vai parar?

A persistência do cenário de inflação tem feito o mercado precificar a Selic em torno de 13% até o fim do ciclo de alta. De acordo com o economista Maykon Douglas, mesmo com a mudança de bandeira tarifária, os preços administrados são um ponto de cautela ao Copom, bem como o hiato do produto positivo, que também evita uma desaceleração maior da inflação.

“Este contexto deve levar o BC a subir novamente os juros em 50 bps nas reuniões seguintes”, disse Maykon.

Para Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, diante do cenário de inflação corrente pressionada, crescem, inclusive, as chances de um aumento de 0,75 p.p. “O Copom certamente seguirá subindo os juros, sendo a única dúvida o ritmo da subida”.

Investimentos

Para os investidores, esse cenário sugere uma preferência por ativos atrelados à inflação, como títulos do Tesouro IPCA+, e investimentos em renda fixa que ofereçam proteção contra a volatilidade do mercado, destacou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.

“Com a possibilidade de juros altos por mais tempo, investimentos que garantam rendimentos fixos podem proporcionar segurança e ganhos reais em um ambiente de inflação pressionada”, pontuou o especialista.

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