
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) marcou alta de 0,24% em junho de 2025, desacelerando em relação aos 0,26% registrados em maio, de acordo com IBGE (Instituto de Geografia e Estatística).
No entanto, apesar da desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses subiu levemente, passando de 5,32% em maio para 5,35%, superando pelo sexto mês consecutivo o teto da meta de inflação do BC (Banco Central) (4,5%).
O economista Maykon Douglas destaca a influência da energia elétrica, que teve impacto de 0,12 ponto percentual no índice, impulsionada pela vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que seguirá ativa em julho.
Complementando essa visão, Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos, ressalta que o aumento na energia elétrica foi o principal fator que pressionou o grupo Habitação.
“O grupo Transportes apresentou a principal diferença em relação às projeções do mercado, em função de uma queda menor do que esperado nos preços de combustíveis, além de um avanço mais forte em transporte por aplicativo”.
Apesar da surpresa altista, Douglas afirma que os dados vieram com composição favorável.
Os núcleos de inflação apresentaram sinais consistentes de desaceleração: os serviços caíram de 7,0% para 6,3% na média móvel trimestral anualizada (MM3M SAAR), os industriais passaram de 4,7% para 3,7%, e os serviços intensivos em trabalho, de 6,2% para 6,0%.
“O dado reforça um comportamento melhor que o observado nos últimos meses. Ainda está longe da meta e com desinflação mais lenta do que o desejado, mas há sinais positivos”, avalia o economista.
Sobre a política monetária, Claudio observa que a análise qualitativa aponta para uma melhora nas principais métricas acompanhadas pelo BC apesar de ainda se manterem em patamar elevado e exigindo cautela da autoridade monetária.
Ele também alerta para a necessidade de monitorar a dinâmica dos preços dos alimentos e da energia elétrica em função das próximas bandeiras tarifárias.
O grupo Transportes teve o segundo maior impacto, mesmo com a queda dos combustíveis (-0,42%), influenciado por aumentos no transporte por aplicativo e no conserto de veículos.
Já o grupo Alimentação e bebidas registrou queda de 0,18%, interrompendo nove meses consecutivos de alta.
Para Douglas, o cenário de política monetária não se altera no curto prazo.
“O Banco Central deverá manter os juros no atual patamar até, pelo menos, o fim do primeiro trimestre de 2026. Há riscos adicionais no radar, como a proposta de tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, que pode pressionar os preços mais à frente”, conclui.