A abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da Eve, subsidiária da Embraer produtora de aeronaves elétricas também conhecidas como carros voadores, deve ocorrer em meados do segundo trimestre de 2022, de acordo com as previsões inicias da companhia.
A fabricante brasileira de aeronaves anunciou na manhã desta terça-feira (21) a fusão com a norte-americana Zanite Acquisition Corp, com o objetivo de fazer a listagem das ações da nova empresa na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).
A Zanite consiste em um veículo de investimento conhecido como de “aquisição de propósito específico” (SPAC), formato que ganhou popularidade no mercado americano nos últimos tempos, em que os investidores primeiro captam os recursos, para somente depois irem atrás de projetos para alocar o capital.
Segundo Francisco Gomes, presidente executivo da Embraer, pesou de maneira relevante para a decisão de juntar as operações da Eve com a SPAC o fato de os executivos à frente da Zanite serem acionistas da Directional Aviation Capital, uma das principais operadoras de jatos executivos em escala global.
“São pessoas com um conhecimento muito grande do mercado de aviação, e ótimos parceiros para compor com a Embraer”, diz Gomes.
Ele acrescenta que a opção de fazer a abertura de capital na Bolsa dos EUA, bem como pela escolha de se fundir a uma SPAC, foi um caminho natural a ser seguido para facilitar e agilizar o processo de captação junto aos investidores.
O presidente da Embraer diz ainda não ter planos neste momento de fazer uma dupla listagem das ações, com o lançamento de papéis também no mercado brasileiro, nos moldes da oferta do Nubank no início do mês.
As ações da fabricante de aeronaves operavam em forte alta na manhã desta terça na Bolsa de Valores do Brasil, a B3 -por volta das 12h, os papéis avançavam 13,96%, cotados a R$ 22,69.
A transação anunciada nesta terça avalia a Eve em US$ 2,9 bilhões (R$ 16,544 bilhões) e incluirá num primeiro passo a fusão com a Zanite.
Depois disso, a Eve receberá um investimento adicional de um grupo que inclui a Embraer, a Zanite, investidores financeiros e parceiros estratégicos como Azorra Aviation, BAE Systems, Republic Airways, Rolls-Royce, SkyWest Melbourne e Bradesco BBI.
Após os dois investimentos, a Eve, que será listada na Nyse sob o código EVEX, terá uma posição de caixa de US$ 512 milhões (R$ 2,921 bilhões), que será usada para desenvolver seu táxi aéreo elétrico.
A empresa já recebeu ordens correspondentes a cerca de US$ 5 bilhões (R$ 28,525 bilhões), de 1.735 aeronaves encomendadas por 17 clientes incluindo empresas de leasing, operadores de helicópteros e empresas de compartilhamento de transporte.
A Embraer permanecerá com uma participação de cerca de 82% na Eve após o investimento adicional. Segundo Gomes, a estimativa é que até 2025 a empresa de aeronaves elétricas tenha obtido todas as certificações necessárias para iniciar suas operações propriamente com as primeiras entregas em meados de 2026.
O presidente executivo da Embraer projeta uma receita de US$ 4,5 bilhões (R$ 25,672 bilhões) da Eve em 2030, e uma participação de 15% no mercado global de mobilidade urbana aérea.
A Embraer fornecerá infraestrutura para a Eve, incluindo a alocação de engenheiros de acordo com a necessidade dos projetos, locais para teste e simuladores de voo.