Melhora gradual em 2024

IPOs: Brasil vive maior escassez de estreias na Bolsa em duas décadas

Demora do Fed para iniciar os cortes nas taxas de juros norte americanas tem sido um problema para o retorno das ofertas iniciais na Bolsa

Bolsa de Valores
Bolsa de Valores

Com última estreia na B3 (Bolsa de Valores) em agosto de 2021, o Brasil vive a maior escassez de IPOs (Ofertas Públicas Iniciais) em, pelo menos, duas décadas.

Inicialmente, o retorno da temporada de IPOs estava previsto para o período de abril e junho, mas novas previsões avistam essa janelas apenas no segundo semestre ou final de 2024.

A demora do FED (Federal Reserve) para iniciar o corte nas taxas de juros norte americanas tem sido um problema para a entrada de empresas brasileiras na Bolsa. Segundo Volnei Eyng, CEO da Multiplike, quando isso acontecer, haverá uma melhora gradual no cenário.

“Até que isso ocorra, a bolsa brasileira vem, de fato, encolhendo. Os números atuais representam uma movimentação diária 11% menor comparada a igual período do ano anterior. Ou seja, já há muito fluxo de dinheiro estrangeiro diminuindo, até mesmo porque os EUA não iniciaram ainda a diminuição dos juros”, pontua Volnei.

Tuanny Blumer, sócia da Black Financial, vai na mesma linha e explica que há uma expectativa acerca da volta dos IPOs para o segundo semestre de 2024.

“Esta é baseada na perspectiva de melhoria das condições macroeconômicas e de avanço de reformas estruturais. No entanto, é importante ressaltar que previsões econômicas estão sujeitas a uma série de variáveis. A concretização dessa análise dependerá da capacidade de o governo implementar medidas que promovam a confiança dos investidores, dos empresários a passar por todo processo de abertura na bolsa de valores, como diminuição de taxas, e mais agilidade e transparência no processo”, diz Blumer.

A executiva destaca ainda que, na sua visão, não há um encolhimento da Bolsa.

“O principal índice da B3 tem atingido máximas. O mercado de ações é intrinsecamente cíclico e suscetível a flutuações temporárias, como a que se vê agora, é a principal preocupação do mercado neste cenário é a falta de dinamismo nas operações de abertura de capital, o alto custo deste processo para as empresas, e a burocracia”, descreve.

De acordo com dados operacionais divulgados pela B3 dia 31 de março, a bolsa tem 521 ofertas listadas. Apesar da redução no número de empresas listadas, o número de investidores individuais (CPF) voltou a ultrapassar os 5 milhões, após uma queda em agosto devido à mudança no programa de BDRs do Nubank.

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