Após subirem 9,24%, cotadas a R$ 1,30, durante o pregão desta quinta-feira (8), as ações da IRB (IRBR3) fecharam em leve alta de 1,68%. Segundo especialistas, a alta durante o dia foi apenas um repique da força vendedora que o papel teve após o anúncio do follow-on (oferta subsequente de ações). Mesmo assim, as expectativas são mais otimistas em relação aos papéis para os próximos trimestres.
Recentemente, a IRB Brasil levantou R$ 1,2 bilhão em seu follow-on, que foi precificado a R$ 1 por ação. A companhia informou que os recursos serão utilizados para reenquadramento de indicadores regulatórios.
De acordo com Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial, desde maio, quando a oferta subsequente foi aprovada, o mercado já fazia especulações sobre o follow-on. Por isso, segundo o analista, o volume de ações vendidas subiu consideravelmente.
“Agora, com recurso, a empresa capitalizada, resolvendo a questão regulatória, a perspectiva fica um pouco melhor, mas a empresa precisa provar de novo que tem uma operação rentável. Por isso, a gente mantém uma recomendação neutra por hora, porque os resultados nos próximos meses devem vir melhores do que foi o segundo trimestre, que foi um resultado muito ruim, com sinistralidade voltando para um patamar saudável”, disse Daltozo.
“Se ela estabilizar o operacional com a sinistralidade voltando a patamares mais saudáveis, só o financeiro já traz um resultado melhor para a companhia. Como ela adicionou mais R$ 1,4 bilhão com venda de ativos nessas últimas semanas, isso rendendo a CDI, traz um resultado financeiro mais forte também”, complementou Daltozo.
Recentemente, a Eleven Financial informou, em relatório, que o nível de incerteza ainda era elevado para a IRB e o cenário turbulento deveria permanecer por mais alguns trimestres. A principal dúvida, segundo a casa de análises, estava ligada ao valor captado na oferta. A Eleven questionou se o montante levantado resolveria a situação ou se uma nova chamada de capital em um futuro não muito distante seria necessária, caso a companhia continuasse queimando caixa, ficando novamente abaixo dos requisitos regulatórios mínimos exigidos pela Susep (Superintendência de Seguros Privados).
IRB tem capacidade para retomar boa performance?
Para Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos, a revisão das recomendações de algumas casas de análises e a alta recente dos papéis se dão, principalmente, devido ao que o IRB será capaz de fazer no futuro.
“Como esse dinheiro que eles levantaram, eles conseguem se enquadrar regulatoriamente, principalmente porque o patrimônio líquido estava pouco mais de R$ 600 milhões abaixo do que é exigido pela regulação e no caso das provisões pouco mais de R$ 700 milhões abaixo. Esse dinheiro levantado na vai ajudar o IRB a se enquadrar regulatoriamente e, posteriormente, continuar as suas operações”, disse Gracia.
O analista da Top Gain, Sidney Lima, reiterou a ideia de Gracia sobre a possibilidade que existia de desenquadramento de capital em caixa exigido pela autarquia do mercado de seguros e resseguros.
“Com a recente oferta de ações, a empresa conseguiu captar R$ 1,2 bilhão, necessários para esse enquadramento”, disse Lima.
“Outro ponto importante se dá pela entrada de mais R$ 185 milhões proveniente da venda de alguns imóveis da empresa”, complementou o analista da Top Gain.
Os analistas consultados pelo BP Money também afirmaram que existe um certo otimismo em relação à projeção de normalização do nível de sinistralidade aceitável do segmento rural, que acabou agravando consideravelmente a saúde financeira da empresa em seus últimos resultados.
“Para os próximos resultados da IRB Brasil espera-se uma certa melhora, considerando a percepção relacionada à queda do nível de sinistralidade do segmento rural que tanto afetou a empresa”, disse Sidney Lima.