Na IRB (IRBR3), diminuir sinistralidade é maior desafio

Papéis da empresa caíram mais de 6%, após divulgação de prejuízo em agosto

Após divulgar que obteve um prejuízo líquido de R$ 164,7 milhões em agosto, na última sexta-feira (21), a IRB (IRBR3) viu seus papéis caírem mais de 6% durante o pregão desta segunda-feira (24), na bolsa de valores de São Paulo. De acordo com especialistas, o maior desafio da empresa é diminuir a sinistralidade, que saiu de  84,6% em agosto de 2021 para 145,0% em agosto deste ano.

O índice de sinistralidade mede o quanto a empresa gasta com os seguros em relação ao que ela arrecada dos segurados. De acordo com Paulo Luives, da Valor Investimentos, a sinistralidade pode ser maior ou menor de acordo com o tipo de prêmio que a empresa emite. 

“Você tem tipos de eventos que podem ser mais comuns, mais frequentes de acontecerem e você pode ter uma estratégia mais conservadora na emissão de prêmios. Então, se tem um determinado segmento setorial que eu não quero me expor, porque o risco de sinistro é maior, eu posso me prevenir dessa forma, mas ao mesmo tempo, a depender da situação, ou evento atípico, pode aumentar e sair do controle dela”, disse Luives. 

O assessor de investimentos da Valor exemplificou citando a questão da pandemia para seguradoras que atuavam com forte presença na área de saúde. “Foi um evento ali que não era esperado. Então ela pode ter um controle disso, mas ao mesmo tempo eventos específicos podem afetar seus resultados”, pontuou Luives.

“No caso da IRB, no ano passado, você teve o número de sinistros que afetou muito pela questão da quebra de safras. Ela tem muita parte de seguro ligado ao setor rural, então isso acabou afetando ela, mas é algo que ela pode controlar na questão da emissão de prêmios que esse evento é coberto”, completou Luives. 

Outro ponto que o analista destacou foi a questão da despesa da empresa com sinistros, que somou R$ 633 milhões, número quase 20% maior do que o registrado no ano anterior.

“Eu acho que, em resumo, ainda é uma situação complexa. A companhia, operacionalmente, vem apresentando um resultado pior do que no período anterior, no ano passado. Ela vem lutando também com toda essa questão de imagem, referente aquela fraude contábil exposta pela Squadra em 2020. 

Quais são as perspectivas para os papéis da IRB? 

Em relatório, a Guide Investimentos informou que “mesmo ajustando o resultado do ano passado a efeitos não recorrentes, os números de IRB continuariam apresentando piora expressiva”. De acordo com o analista Gabriel Gracia, da Guide Investimentos, a casa de análise não têm boas perspectivas para o papel.

“Os impactos dos resultados são negativos para os papéis. As despesas com sinistro e a sinistralidade da companhia ainda estão em patamares muito elevados”, afirmou Gracia. 

O BTG reiterou recomendação neutra para as ações da IRB. O preço-alvo da instituição para os papéis da resseguradora é de R$ 1,30, 22,6% acima do último fechamento. 

De acordo com Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, a cotação dos papéis da IRB nos últimos anos é reflexo das dificuldades encontradas pela empresa devido às fraudes cometidas no passado.

“A empresa precisa estabilizar o seu operacional e diminuir a sinistralidade, voltando a patamares mais saudáveis. Dessa forma, haveria mais espaço para valorização de seus papéis. A empresa ainda tende a enfrentar muitos desafios pela frente”, disse Gonçalvez. 

Por volta das 16h05 desta segunda-feira (24), as ações da IRB operavam em queda de 6,60%, cotadas a R$ 0,99, na bolsa de valores de São Paulo (B3).

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