Crescimento de gastos

Itaú alerta que risco fiscal segue elevado mesmo com arrecadação forte

Na análise do Itaú, o governo teria evidenciado um fraco compromisso com o ajuste fiscal

Itaú
Itaú / Foto: Divulgação

O Itaú Unibanco (ITUB4) avaliou em um relatório divulgado nesta segunda-feira (30) que o risco fiscal no Brasil permanece elevado, apesar da robusta arrecadação. A análise foi feita após a apresentação dos dados das contas públicas do país pelo Banco Central.

Os riscos são atribuídos ao “crescimento dos gastos obrigatórios acima dos limites estabelecidos no arcabouço fiscal e à dificuldade em garantir uma trajetória de convergência dos resultados primários”, conforme afirmou o economista Thales Guimarães.

Na análise do Itaú, o governo teria evidenciado um fraco compromisso com o ajuste fiscal, especialmente após a redução da previsão de contenção de gastos divulgada no mais recente relatório bimestral de receitas e despesas.

As contas públicas revelam um déficit total mais elevado, incluindo despesas adicionais que estão fora das diretrizes do arcabouço fiscal, e necessitam de um aumento na arrecadação para atender às normas, o que é considerado incerto pelo banco.

Para que seja viável atingir o limite inferior da meta de resultado primário deste ano, o banco acredita ser imprescindível implementar um novo bloqueio de despesas em novembro, além de adotar medidas estruturais que assegurem a credibilidade do arcabouço fiscal.

Conforme os dados do Banco Central divulgados hoje, a dívida bruta do governo em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) aumentou de 78,4% em julho para 78,5% em agosto.

Itaú (ITUB4) espera que Copom acelere altas nas próximas decisões 

Após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75%, conforme previsto, o Itaú (ITUB4) afirmou esperar um ritmo mais acelerado nas próximas elevações. 

O banco projeta dois aumentos consecutivos de 0,5 ponto percentual, “a menos que ocorra uma melhora significativa no cenário econômico”, ressaltou a instituição.

Em relatório direcionado a clientes e ao mercado, o Itaú afirmou que projeta a taxa básica de juros encerrando 2024 em 11,75%, com o ciclo de alta chegando a 12%. “Tendo em vista que a projeção no horizonte relevante está em 3,5%, esperamos, hoje, um ciclo de 150 pontos-base.”

Em um relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita, o Itaú observou que o comunicado deixou em aberto tanto o ritmo quanto a magnitude do ciclo de política monetária.

“O comitê menciona que o hiato do produto está agora positivo, e que irá monitorar o seu comportamento para decidir os próximos passos da sua estratégia de política monetária”, detalhou Mesquita. O comitê ainda vai monitorar dados de inflação, expectativas inflacionárias, suas próprias projeções, e o balanço de riscos, completou.

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