A proposta do governo de aprovar a venda de medicamentos em supermercados, para aqueles que não precisam de receita médica, além de ter gerado polêmica, poderia ser negativa para as farmácias, conforme avaliou o Itaú BBA. O banco apontou que o negócio pode gerar uma redução de até 15% nas receitas da RD Saúde (RADL3), Pague Menos (PGMN3) e Grupo Panvel (PNVL3).
Enquanto isso, no segmento de varejo de alimentos, a medida poderia trazer lucros adicionais, na visão do Itaú BBA.
A possibilidade de venda em supermercados de medicamentos que não necessitam prescrição médica, seria uma forma de combater a inflação mais alta dos alimentos. No entanto, ainda é uma proposta inicial e precisará passar pelo Congresso Nacional.
Na avaliação do Itaú BBA, não há um cenário em que essa medida poderia ajudar a reduzir a inflação de alimentos, porque é difícil supor que as redes de supermercados irão transferir esse lucro adicional para preços mais baixos de alimentos.
Em paralelo a isso, haveria regulamentações sanitárias mais rigorosas para as varejistas de alimentos, caso passassem a vender medicamentos. Com isso, a lucratividade poderia sofrer um impacto, porém, essa categoria de remédios geralmente oferece margens brutas mais altas, de 30% a 35%, em comparação com 16% a 20% para o varejo de alimentos.
O Itaú BBA ainda destacou que facilitar o acesso a medicamentos que não necessitam prescrições médicas pode aumentar o mercado desses produtos, em especial com a possibilidade de apoiar o consumo por impulso.
Além disso, pelo viés de saúde pública, isso também pode incentivar a automedicação, que é responsável por uma parcela significativa de casos de intoxicação, algo que também foi criticado pelo Ministério da Saúde.
Itaú BBA corta projeção para o Ibovespa em 2025
Em mais previsão de piora para a Bolsa brasileira, desta vez por parte do Itaú BBA revisou sua projeção para o Ibovespa em 2025. Anteriormente, a estimativa da casa era que o índice alcançasse os 165 mil pontos, agora espera que ele alcance os 145 mil pontos.
Considerando que a principal referência da B3 opera atualmente próxima aos 119 mil pontos, o potencial de valorização é de mais de 21%.
O Itaú BBA levou em conta que o cenário macroeconômico está negativo, ao passo que a política monetária está em um ciclo de aperto, espera-se um crescimento menor do PIB (Produto Interno Bruto) este ano, bem como uma inflação mais alta.
No que se refere aos lucros das empresas, a observação do BBA foi para um risco de revisões para baixo nos resultados, em um cenário de juros elevados, de acordo com o “E-Investidor”.
Por outro lado, o banco vê que o valuation da Bolsa brasileira está atrativo, pois o Ibovespa está sendo negociado a um P/L (preço sobre lucro) de 6,8 vezes, o menor nível em 30 meses.
No relatório do banco consta que, em momentos de alta histórica, o índice já chegou a negociar a um P/E projetado de 14 a 15 vezes. Por outro lado em mercados de baixa, o nível de negociação chegou a um P/E de 6 a 7 vezes – próximo ao nível atual.
“O índice está se aproximando de um território de sobrevenda, mas ainda enfrenta um cenário desafiador para a indústria de fundos local e um humor mais cauteloso por parte dos investidores estrangeiros”, destacou o relatório do Itaú BBA, com equipe liderada por Daniel Gewehr.