O Itaú Unibanco Holding (ITUB4) reportará seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2022 nesta segunda-feira (8), após o fechamento do mercado. Analistas consultados pelo BP Money afirmaram que a maior “preocupação” do mercado em relação aos resultados da instituição financeira é a questão da inadimplência. Por outro lado, a carteira de crédito deve ser destaque positivo, já que os bancos se beneficiam, nesta parte, do aumento da Selic (taxa básica de juros).
O analista Sidney Lima, da Top Gain, salientou as expectativas para a carteira de crédito do Itaú. Isso porque, com a alta da Selic, os bancos acabaram “reprecificando” seu crédito, aumentando o spread de seus produtos e, consequentemente, isso deve ter reflexo sobre a receita de juros.
“Vale lembrar que a alta da taxa de juros tende a beneficiar a margem relacionada à concessão de crédito por parte do banco, ainda mais tendo o Itaú como um dos maiores campeões nesta concessão”, disse Lima.
De acordo com Alexandre Masuda, Sócio e Head de Análise da SFA Investimentos, o Itaú, dentre todos os bancos listados na bolsa de valores de São Paulo (B3), deve ser a instituição financeira com os melhores resultados do segundo trimestre, junto ao Banco do Brasil.
“Uma coisa que preocupa bastante o mercado em relação ao setor é a questão da inadimplência. A gente vê alguns dados de crédito, que as famílias estão bastante endividadas, em relação ao histórico, temos números de inadimplência do serasa aumentando. Então o mercado vai prestar bastante atenção nisso”, destacou Masuda.
Segundo Masuda, a inadimplência ficou em patamares muito baixos durante a pandemia, por benefícios do Governo Federal à população.
“Teve toda uma questão de renegociação de dívidas, adiamento de parcelas, ajuda do governo para empresas, auxílio emergencial e a inadimplência foi para níveis historicamente muito baixos. No ano passado, tudo isso que ajudou a inadimplência a ficar para baixo foi cessado, então é natural que agora suba”, disse Masuda.
“A inadimplência com o varejo deve subir, mas deve ser compensado na parte de crédito com pessoa jurídica, onde o Itaú tem bastante presença”, complementou o especialista.
Lima, da Top Gain, complementa a ideia de Masuda e diz que a inadimplência do Itaú deve continuar preocupando. “Espera-se que o banco faça um novo provisionamento relevante, para compensar justamente a possibilidade do famoso “calote” em um contexto inflacionário alto, o qual impacta a receita das famílias”, disse Lima.
Números do Itaú Unibanco não devem superar 2021
Em linha com a ideia de Lima sobre a carteira de crédito, Masuda também confirmou que o Itaú deve entregar uma boa qualidade nos resultados, neste quesito. Contudo, segundo ele, apesar do Itaú ter perspectivas para um resultado positivo, os números não devem superar os de 2021.
“A parte de serviços deve puxar bem, principalmente cartões, que puxou bem no trimestre passado. Com a volta das pessoas às ruas, o produto tem sido bastante usado, o consumo está indo bem, então deve entregar números bons. O Itaú também deve entregar um bom controle de custos. Deve ter aí um compensando o outro, e o resultado de inadimplência deve subir apenas um pouco por conta disso”, pontuou Masuda.
O analista Gabriel Gracia, da Guide Investimentos, afirmou que a expectativa é de que o Itaú entregue um lucro em linha com as estimativas do mercado, bem como fez o Bradesco, porém com inadimplência estável.
“Visto a boa qualidade da carteira de crédito do Itaú e a expansão um pouco mais controlada dessa carteira, vide os últimos resultados. Vale ressaltar também que o banco deve entregar despesas de provisão em linha com os períodos anteriores”, afirmou Gracia.