Roxo e laranja no pódio?

Itaú (ITUB4) x Nubank: a corrida pelo maior valuation Latino

A corrida entre Itaú e Nubank pelo título de "banco mais valioso da América Latina" está acirrada; especialistas apontam quem pode vencer essa "briga"

Foto: Pixabay
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Na pista, cada passo e segundo fazem diferença para definir quem alcançará o primeiro lugar no pódio. Na corrida de valores entre o Itaú (ITUB4) e o Nubank (ROXO34), o espaço acirrado torna cada número importante para definir quem será o banco mais valioso da América Latina.

O time laranja do Itaú conseguiu retomar a posição e o título do “roxinho”, após a sessão do mercado financeiro de terça-feira (4). Na ocasião, o valor de mercado das instituições era de R$ 288,6 bilhões e R$ R$ 284,5 bilhões, respectivamente.

No mundo das corridas, apostar em um campeão é algo comum, mas no mercado financeiro, o momento para dar um palpite nesse sentido pode ainda ser prematuro, segundo Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital. 

Porém, o economista ainda vê uma tendência mais forte de “vitória” para o Itaú. “A longo prazo, o Itaú é um ativo é um investimento muito mais sólido e muito mais forte”, disse ele, em resposta ao BP Money.

“[Isto porque] como toda empresa de tecnologia, ele [o Nubank] antecipa um possível crescimento, em uma proporção que nem sempre se confirma. Já o Itaú ele é, o que chamamos de ‘real deal’, ele é de verdade, ele é de fato aquilo”, avaliou.

É compreensível que o Itaú desponte nessa corrida, visto que o banco foi criado em 1945, e por décadas tem trabalhado sua marca, com muito foco em marketing, se tornando a principal instituição de varejo do País. 

Mas como o Nubank, um banco digital, que nasceu como uma findtech em 2013, conseguiu, em 11 anos, se aproximar e brigar com o valor de mercado da instituição considerada a “maior marca da América Latina”?

A resposta é: “uma série de estratégias inovadoras e eficientes”, afirmou Alex Andrade, sócio da Swiss Capital Invest. 

“O banco digital focou em uma experiência do usuário simplificada, taxas reduzidas e uma abordagem centrada no cliente, o que lhe permitiu crescer rapidamente e atingir uma base de clientes significativa”, completou.

A base mais integrada do Nubank com a tecnologia lhe deu um “gás a mais” para tentar uma posição à frente nessa “competição”.

Justamente por isso, comparando os últimos resultados trimestrais de ambos os bancos, Andrade discorda do palpite de Corano quanto a uma possível “vencedor” nessa corrida de valores de mercado.

“O Nubank demonstrou uma taxa de crescimento de receita impressionante de 64%, em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o que pode indicar um potencial maior para “vencer” essa corrida de valores no longo prazo”, indicou.

Quais ameaças podem levantar a “bandeira vermelha” para Itaú (ITUB4) e Nubank (ROXO34)?

Os obstáculos que poderiam parar o crescimento dessas instituições variam considerando o quadro interno e externo. As ameaças, fragilidades e fortalezas de cada um, considerados exatamente opostos, são os pontos de impacto a se observar, frisou Corano.

“O Itaú não tem a agilidade, o dinamismo, a jovialidade e toda a inovação tecnológica do Nubank. E o outro não tem todo o lastro financeiro, toda a tradição, toda a capilaridade de agências e toda a base de clientes do Itaú”, listou ele.

Enquanto isso, os demais bancos vêm ganhando posição e aumentando o ritmo para concorrer com o Itaú e o Nubank no setor financeiro, sobretudo as fintechs e bancos digitais, como explicou Andrade. 

Segundo ele, bancos como o Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) seguem sendo players importantes, com potencial para superar os times roxo e laranja.

“Especialmente se continuarem a investir em inovação e tecnologia para melhorar seus serviços e atrair clientes”

Porém, esse possível cenário não deve ocorrer nesse momento, segundo avaliação de Corano. Isto porque, a liderança do Itaú tem uma ampla margem de vantagem, assim como o Nubank, que se descolou das demais fintechs do mercado. 

Mas, para Andrade, os fatores macroeconômicos, como taxas de juros e políticas regulatórias, também surgem como barreiras que podem impactar o crescimento de ambos os bancos.

“A corrida pelo valor de mercado é dinâmica e ambos os bancos precisarão se adaptar e inovar continuamente para manter e melhorar suas posições no mercado financeiro brasileiro”, finalizou ele.