No Itaú (ITUB4), inadimplência não deve atrapalhar 4T22

Inadimplência seguirá como principal ponto de atenção, mas Itaú deve ter melhor resultado entre os pares

A temporada de balanços de bancos referente ao quarto trimestre de 2022 foi aberta na semana passada pelo Santander (SANB11) – que reportou números abaixo das projeções do mercado. Nesta terça-feira (7), é a vez do Itaú (ITUB4) divulgar o balanço do 4T22. Para analistas, o banco deve ter o melhor resultado entre os pares. O motivo é a menor exposição ao crédito de pessoa física.

De acordo com relatório da XP, a triagem de crédito mais conservadora, que teve início no segundo semestre de 2022, permitirá que o Itaú mantenha suas taxas de inadimplência sob controle – com crescimento marginal no primeiro semestre de 2023.

Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, como tem sido recorrente no setor, a inadimplência deve ser o principal ponto de atenção do balanço quarto trimestre do Itaú, não só pelo caso Americanas, mas pela piora sistêmica dos calotes no País. 

“Acreditamos que o Itaú deve ter a melhor performance dentre os pares privados, já que tem menor exposição ao crédito de pessoa física sem garantia, que é a raiz do problema sistêmico e onde a inadimplência deve continuar piorando. Na inadimplência de empresas, esperamos uma certa estabilidade, excluindo o caso Americanas”, afirmou Quaresma. 

Segundo Milton Rabelo, analista da VG Research, as perspectivas para os resultados do Itaú referentes ao 4T22 são positivas. O especialista destacou que a casa de análise estima um lucro superior a R$ 8 bilhões para o banco.

“O banco deve continuar operando com um ROE em torno de 20% a 21%. Além disso, é provável que o crescimento da carteira de crédito da instituição compense o aumento da inadimplência, dada a exposição relativamente menor da carteira aos segmentos relacionados à Pessoa Física e PMEs”, disse Rabelo.

Outro fator importante destacado pelos analistas consultados pelo BP Money é que o Itaú também tem uma menor exposição às Americanas, diferente de BTG Pactual, Santander e Bradesco.

Dentre os bancos, o Bradesco é o que tem o maior volume de empréstimos à varejista que entrou com pedido de recuperação judicial após o rombo bilionário. 

“O Itaú é bem menos exposto às fraudes contábeis da Americanas do que alguns dos seus concorrentes como Bradesco e Santander. Em função disso e da composição da carteira de crédito, é possível que os aumentos das PDDs [provisão para devedores duvidosos] sejam menores do que de outros bancos”, explicou Rabelo.

Para Quaresma, da Empiricus, mesmo incluindo o calote da Americanas na conta do Itaú, o impacto no banco deve ser proporcionalmente menor.  

“O impacto da Americanas no Itaú deve representar algo como 20% do lucro do quarto trimestre ou 5% do lucro dos próximos 12 meses”, disse a analista da Empiricus.

Terceiro trimestre do Itaú agradou mercado

No terceiro trimestre, os resultados do Itaú agradaram o mercado, já que mantiveram-se fortes, principalmente em relação à carteira de crédito do banco, que teve alta de 15,5% ao ano no total e 20,8% no Brasil. 

“Os números em linha com o guidance de 2022 mostraram crescimento do crédito, que beneficiou a margem financeira bruta do Itaú, que bateu R$ 23,9 bilhões no terceiro trimestre do ano passado – um crescimento de 22% ao ano, acima das projeções do mercado”, informou a XP. 

O Itaú teve lucro de R$ 8,07 bilhões no terceiro trimestre de 2022. A alta foi de 19,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Perspectivas para o Itaú em 2023

Segundo relatório da XP, a taxa de inadimplência e índice de cobertura “saudáveis” do banco devem aliviar a pressão por maiores provisões em 2023. 

“A combinação da sólida operação do Itaú, maior lucratividade do setor e valuation atraente nos levou a manter sua recomendação para compra”, informou a XP.

Paulo Luives, da Valor Investimentos, destaca que o Itaú é um banco que negocia com o nível de múltiplo um pouco mais elevado, em razão de ser um pouco mais “premium” 

“O banco tem uma entrega de resultados fortes nos últimos anos, um histórico de resultados fortes e, para além disso, um banco que tem uma certa vantagem na parte de digital, que pode ser um dos bancos que vai apresentar uma integração mais rápida com relação a seus pares também nessa parte”, afirmou Luives. 

De acordo com os especialistas consultados pelo BP Money, apesar dos cenários macroeconômico e político conturbados, 2023 deve ser um ano sólido para o Itaú, que se destaca em relação aos outros pares no que diz respeito a investimentos em tecnologia e transformação digital.

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