O Itaú Unibanco (ITUB4) continua sendo negociado com desconto – em relação à sua média histórica – e, embora tenha atualmente um prêmio de valuation em comparação com seus pares, é a principal escolha do setor bancário para os analistas da XP Investimentos.
Ainda, questões políticas relacionadas a empresas estatais podem continuar a prejudicar o Banco do Brasil (BBAS3) e impedir um desempenho mais forte das ações no curto prazo, o que beneficiaria, na visão do banco, o Itaú.
Renan Manda e Matheus Guimarães avaliaram que a triagem de crédito mais conservadora do Itaú, que já começou no segundo semestre de 2022, permitirá que o banco mantenha suas taxas de inadimplência sob controle (com crescimento marginal no primeiro semestre do próximo ano).
“Sua saudável taxa de inadimplência e índice de cobertura devem aliviar a pressão por maiores provisões em 2023”, destacaram os analistas da XP.
Além disso, a XP Investimentos vê as ações do banco com um valuation atraente de 6,9 vezes o P/L para 2023, apesar de seu desempenho positivo este ano (+24,4% em 2022). Com isso, a XP mantém recomendação de compra para Itaú e preço-alvo de R$ 34.
No setor bancário como um todo, a XP vê um 2023 desafiador, levando em conta um cenário macro pressionado pela combinação de altas taxas de juros, baixo crescimento econômico e comprometimento recorde de renda das pessoas físicas.
Mas, segundo os analistas, os bancos já estão tomando medidas para evitar o aumento das taxas de inadimplência.
Além de Itaú: perspectivas para Banco do Brasil
Em relatório, a XP apontou que as operações do banco estão bem preparadas para enfrentar o ano desafiador que se aproxima, tendo a menor taxa de inadimplência entre os bancos incumbentes e uma carteira de crédito mais defensiva.
Ainda assim, mesmo que os papéis do BB terem o desempenho mais forte do setor em 2022, analistas enxergaram a ação negociando com um valuation atraente de 3,1 vezes P/L e 0,6 vez o P/VP (preço sobre valor patrimonial) para 2023. Com isso, a XP reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 61.
Mesmo assim, ao menos a curto prazo, analistas destacaram que aspectos políticos em relação às empresas estatais podem trazer alguma volatilidade para a ação.
“Na transição para o novo governo, a proposta de flexibilização da lei para estatais (Lei no 13.303) e as discussões para o uso de bancos estatais para oferecer crédito mais barato podem continuar trazendo incertezas quanto ao potencial impacto nas finanças do Banco do Brasil daqui para frente (que atualmente apresenta os maiores ROAEs, ou retornos sobre patrimônio médio, de sua história, superando vários bancos privados)”, disse o relatório.
Dessa forma, a XP acredita que a ação continuará pressionada e potencialmente mais volátil até que essas incertezas sejam resolvidas.
2023 para Bradesco e Santander
Aumento da inadimplência e o consequente aumento das provisões para créditos de liquidação duvidosa podem continuar, na visão da XP, pesando nos resultados do Bradesco (BBDC4) em 2023.
“Um dos maiores detratores em seus resultados recentes foi a margem financeira (NII) com o Mercado, que foi significativamente impactada pelas altas taxas de juros”, avaliaram os analistas. A XP Investimentos espera, portanto, que esse efeito continue pressionando os resultados do Bradesco no curto prazo, com uma recuperação gradual levando essa linha a voltar a ser positiva apenas no segundo semestre do próximo ano.
Mesmo assim, os analistas avaliaram que a queda recente de suas ações já precificou esses impactos esperados no curto prazo e, por isso, enxergam seu valuation como justo. Dessa forma, a XP mantém visão conservadora para a ação, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 18 para 2023.
Já no caso do Santander (SANB11), os analistas disseram esperar que o banco assuma uma abordagem mais conservadora na concessão de crédito, como fez no final de 2021.
Para o valuation, após o desempenho de preço mais fraco em relação aos pares, a XP Investimentos vê sua assimetria negativa de valuation anterior como ajustada e a ação com preço justo. Por isso, a XP elevou a recomendação da ação de venda para neutra e preço-alvo de R$ 34.
Por volta das 14h20 (de Brasília) desta terça-feira (27), os papéis do Itaú (ITUB4) tinham queda de 1,09%. Banco do Brasil (BBAS3) recuava 3,01%. Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) operavam em baixa de 0,04% e 0,31%.