O Itaú Unibanco está contratando advogados para iniciar uma ação civil contra os ex-CFO do banco, Alexsandro Broedel Lopes e seu sócio, Eliseu Martins, segundo informações do “Brazil Journal”. A instituição deve dar entrada com o processo em janeiro, depois do recesso do Judiciário.
A instituição concluiu, no fim de novembro, uma investigação interna que mostrou condutas irregulares do executivo, contra o código de ética do banco.
Os resultados da investigação apontam indícios de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e associação criminosa, informou um executivo que acompanha o processo dentro do Itaú ao “Brazil Journal”. O banco enviou as informações colhidas ao Coaf, ao Banco Central e à CVM.
O Itaú protocolou um protesto interruptivo de prescrição nesta sexta-feira (6), a fim de evitar a prescrição de irregularidades cometidas há mais de três anos. A instituição também promoveu uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária) nesta quinta-feira (6) para anular aprovação de contas de Broedel entre 2021 e 2023.
O objetivo da anulação é que o banco consiga recuperar valores que teriam sido pagos de maneira indevida.
Segundo o executivo que acompanha as investigações, a ação que deve ser iniciada em janeiro vai ser longa, já que vai haver necessidade de perícia e pedido de indenização.
Resposta de Broedel ao Itaú
Em resposta às investigações, o ex-CFO afirmou que as acusações não têm fundamento e que vai tomar medidas judiciais a respeito. Após 12 anos no banco, o executivo pediu demissão em julho deste ano.
Broedel está se preparando para assumir um cargo executivo no Santander de Madri em janeiro, mas seu nome ainda precisa de aprovação do BC da Espanha. O Santander não se manifestou sobre o caso.
As suspeitas do Itaú envolvem a contratação de 40 pareceres da empresa Care entre 2019 e 2024, com valor total de R$ 13,26 milhões. Um dos sócios dessa empresa é Eliseu Martins, que já era também sócio de Broedel na empresa Broedel Consultores desde 1998. O ex-CFO omitiu esse fato, agindo contra a regulamentação do Itaú.
Ao analisar movimentações na conta-corrente do executivo, o banco identificou 56 transferências da Care e da Evan, outra empresa de Martins, para Broedel e para a Broedel Consultoria. Destas, 23, com um total de R$ 4,86 milhões, foram realizadas em datas próximas às do pagamento do banco à Care.
Dessa forma, a investigação do Itaú constatou que Broedel recebia um rebate de 40% nos contratos de pareceres da Care. Por não ter localizado 20 dos 40 pareceres, o banco está pedindo, em protesto protocolado nesta sexta-feira (6) R$ 6,6 milhões referentes aos pareceres que não foram encontrados.
Além disso, pede R$ 4,86 milhões, referentes ao valor transferido pelas empresas de Martins ao ex-CFO.
A justificativa de Broedel ao banco é de que os valores representavam transferências entre sócios, mas o executivo não apresentou nenhum documento de comprovação para isso. Em nota, o ele afirmou que o levantamento dessas suspeitas somente após o executivo renunciar ao cargo para ocupar uma posição global em um banco concorrente causa estranheza.