Itaúsa (ITSA4) reduz dividendos "por bom motivo", diz Setubal

CEO da Itausa prevê retomada mais forte de dividendos no "médio prazo"

O CEO da Itaúsa (ITSA4), Alfredo Setubal, afirmou, durante o Panorama Itaúsa, evento realizado no estúdio do Itaú Cultural, em São Paulo, nesta quinta-feira (1), que a holding reduziu os dividendos nos últimos anos “por um bom motivo”. Segundo Setubal, as empresas que fazem parte da holding estão realizando grandes investimentos e desalavancando seus balanços, com o intuito de crescer seus negócios. 

“Neste momento estamos em um vale. O banco distribuindo menos, as empresas não financeiras distribuindo menos, mas com perspectivas de, a médio prazo, com investimentos mais consolidados, dívidas menos relevantes nos balanços da empresa, poder voltar a distribuir dividendos maiores”, disse Setubal.

“O próprio banco deve, nos próximos anos, aos poucos, aumentar o dividendo mínimo do que é pago. Vejo, a médio prazo, a Itaúsa retornando seus níveis históricos de dividendos na faixa de 40% do resultado, mas hoje estamos em um vale, pela boa razão de estarmos investindo”, completou Setubal.

Setubal explicou, durante o evento online, que historicamente a holding paga de 37% a 40% dos resultados da empresa em dividendos para os acionistas. “Praticamente o que a gente distribui para os nossos acionistas, todo ano, são os dividendos que a Itaúsa recebe do Itaú Unibanco”, disse o CEO da companhia.

Entre 2017 e 2019, o Itaú Unibanco distribuiu dividendos acima do valor historicamente pago pelo banco, devido aos seus resultados mais robustos. O banco chegou a distribuir, em 2018, quase 90% do resultado em dividendos. 

“Em 2018 tivemos um retorno muito grande e repassamos isso para os acionistas. O payout foi muito acima do que praticamos, que é 37% do resultado. Neste momento estamos em um vale. A Itaúsa está repassando dividendos do banco, e o banco está distribuindo dividendos mínimos, porque a carteira de crédito está crescendo bastante e demanda capital”, disse Setubal. 

Perspectivas da Itaúsa para 2023

O CEO da Itaúsa destacou que 2023 será um ano desafiador, devido ao cenário macroeconômico, mas afirmou que a companhia está bem posicionada, com endividamento baixo e “marcas muito fortes”.

“Vivemos um cenário de inflação alta, juros crescentes, incertezas e recessão na Europa. Tudo isso terá impacto no Brasil, mas felizmente temos empresas muito sólidas, pouco endividadas e marcas muito fortes, marcas líderes”, disse Setubal.

Setubal destacou que o Itaú Unibanco, que é a maior empresa do grupo, deverá ter um crescimento de carteira de crédito, além de estar, cada vez mais, investindo na atuação digital e busca por eficiência. 

“O banco está muito bem posicionado, tanto do ponto de vista de crédito, quanto digital. O banco está muito bem, muito sólido. Olhando para Alpargatas, a estratégia da Havaianas continua sendo de crescer no mercado internacional, isso é difícil, a gente sofre bastante, acerta em alguns lugares, erra em outros, mas ao longo do tempo vamos entrar mais no cenário internacional, é uma marca muito forte”, disse Setubal.

“Também com uma estratégia digital, queremos crescer as vendas no digital tanto no Brasil quanto no exterior”, complementou o CEO da Itaúsa.