Especialistas avaliam

ITCMD x reforma tributária: entenda os impactos no planejamento sucessório 

Especialistas no tema, ouvidos pelo BP Money, explicaram as mudanças e avaliaram as melhores alternativas para um planejamento sucessório

ITCMD x Reforma tributária
Planejamento sucessório / Freepik

Com a recente aprovação da reforma tributária, o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) sofreu mudanças significativas, afetando diretamente o planejamento sucessório das famílias brasileiras. 

As novas regras introduzem alíquotas progressivas e uniformizam a tributação entre os estados, criando um novo cenário para a gestão de heranças e doações.

Mudanças no ITCMD

Antes da reforma, as alíquotas do ITCMD variavam de 1% a 8% de acordo com o estado. A partir de agora, o imposto será progressivo, mantendo o teto máximo de 8%, o que implica que patrimônios maiores serão tributados com alíquotas mais altas. 

Além disso, os estados deverão voltar a exigir o ITCMD sobre bens e heranças provenientes do exterior, algo que anteriormente não era regulamentado de forma efetiva.

Felipe Ibañez, sócio e head de seguro de vida, proteção e sucessão patrimonial da A7 Capital, destaca a importância dessas mudanças. “A reforma tributária trouxe uma carga tributária maior, especialmente para famílias com grande patrimônio”.

“Estados como São Paulo, por exemplo, poderão aumentar suas alíquotas progressivamente até 8% para patrimônios acima de determinado valor, o que impactará diretamente no planejamento sucessório”, complementa Ibañez.

Impacto no planejamento sucessório

As alterações no ITCMD exigem que as famílias revisem suas estratégias de sucessão para minimizar a carga tributária.

Felipe Ibañez aponta que a constituição de uma holding ou a realização de doações antecipadas são alternativas viáveis.

“A constituição de uma holding pode proteger os ativos familiares e otimizar a gestão patrimonial, enquanto as doações ainda são tributadas a uma alíquota mais baixa, permitindo uma transição de patrimônio com menos impostos.”

Leia Fernandes, especialista em Wealth Planning e sócia da The Hill Capital, enfatiza a necessidade de planejamento diante das mudanças. “Com a introdução de alíquotas progressivas e a padronização das regras entre os estados, o planejamento sucessório torna-se ainda mais crucial.

“Revisar o planejamento financeiro e garantir recursos suficientes para cobrir o imposto evita a venda forçada de ativos e assegura uma transição eficiente dos bens”, pontua Leia.

Estratégias para minimizar a carga tributária

Para mitigar os impactos das novas alíquotas do ITCMD, algumas estratégias podem ser adotadas. Felipe Ibañez recomenda a aquisição de seguros com caráter sucessório e a constituição de previdência privada.

“Os seguros com caráter sucessório proporcionam liquidez imediata aos herdeiros, fundamental para lidar com as despesas do inventário. Além disso, esses seguros são isentos de ITCMD e não entram no processo de inventário, oferecendo uma camada extra de segurança financeira”, diz Ibañez.

Leia Fernandes acrescenta que a criação de holdings familiares e a realização de doações em vida são estratégias eficazes.

“A criação de holdings permite agrupar bens sob uma única entidade legal, oferecendo benefícios fiscais e maior controle sobre a administração do patrimônio. Já as doações em vida permitem aproveitar alíquotas menores e facilitar o processo sucessório.”

Importância do planejamento sucessório

Diante das mudanças no ITCMD, o planejamento sucessório emerge como uma etapa essencial do planejamento financeiro. Felipe Ibañez ressalta a importância de agir rapidamente. “É crucial buscar orientação especializada e agir o quanto antes para aproveitar as alíquotas atuais. O planejamento sucessório não apenas ajuda a minimizar a carga tributária, mas também garante uma transição tranquila e justa do patrimônio para os herdeiros.”

Leia Fernandes conclui que, com as novas regras, o planejamento sucessório deve ser tratado com a maior brevidade e urgência.

“A única certeza na vida é a morte, e com ela vem o processo sucessório. Estar preparado para esse momento é fundamental. Mitigar problemas ainda em vida é uma estratégia mais barata, rápida e eficaz para proteger os ativos e garantir a segurança financeira dos herdeiros”, explica Leia.

Com as mudanças no ITCMD, as famílias brasileiras devem repensar suas estratégias de planejamento sucessório para assegurar uma transição eficiente e econômica de seus patrimônios.

Trabalhar com advogados e consultores financeiros experientes é crucial para navegar pelas complexidades do novo cenário tributário e proteger o legado familiar.