As estrategistas Gisela Brant e Tania Escobedo, do J.P. Morgan, afirmam que o risco político no Brasil “parece contido”, o que sustenta uma visão construtiva para os ativos brasileiros. O banco americano mantém uma recomendação overweight (desempenho acima da média do mercado) tanto para os juros locais quanto para o real. Elas acreditam que as perspectivas para 2024, após um período de incertezas políticas e fiscais nos últimos anos, “parecem mais benignas”.
Em uma nota enviada aos clientes, as estrategistas do J.P. Morgan destacam fatores cruciais que sustentam uma visão otimista para os mercados domésticos. Entre eles estão a manutenção da meta de resultado primário em 0% do PIB no Orçamento deste ano, a aprovação da reforma tributária e os efeitos agregados das reformas econômicas implementadas desde 2016. Para Brant e Escobedo, esses elementos “desenham um cenário robusto para os próximos anos”.
O J.P. Morgan expressa a expectativa de que o real brasileiro permaneça forte no médio prazo. As estrategistas destacam a solidez das contas externas, que tendem a continuar melhorando devido às perspectivas robustas na produção agrícola e petrolífera. Elas também observam que o “carry” do real deve permanecer entre os mais altos entre os mercados emergentes, devido à cautela do Banco Central na redução da Selic, enquanto a volatilidade do real se mantém alinhada à maioria dos pares da América Latina. Atualmente, o banco inclui em seu portfólio posições compradas em real em relação ao peso colombiano.
No mercado de juros, o J.P. Morgan mantém posições aplicadas no DI para janeiro de 2026. “Acreditamos que cortes contínuos de 50 pontos-base [na Selic] estão guardados. No entanto, há espaço para uma taxa terminal mais baixa ser precificada, mais próxima dos níveis neutros (entre 8% e 8,5%), especialmente num contexto de cortes de juros do Fed próximos”, apontam as profissionais.
JP Morgan pagará US$ 18 mi por impedir clientes de se comunicarem com órgão regulador
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) condenou o JP Morgan a pagar uma multa de US$ 18 milhões nesta quarta-feira (17), por impedir centenas de clientes de reportarem possíveis violações da lei de valores mobiliários à SEC.
Entre março de 2020 e julho de 2023, o JP Morgan rotineiramente solicitava aos pequenos investidores que assinassem acordos de confidencialidade, caso tivessem recebido da empresa um crédito ou liquidação superior a US$ 1.000.
Os acordos demandavam que os clientes mantivessem em sigilo tanto a liquidação quanto todos os fatos subjacentes relacionados a ela, bem como todas as informações referentes à conta.
Apesar de os acordos concederem permissão para que os clientes respondessem a consultas da SEC, não autorizavam que entrassem em contato voluntariamente com o órgão regulador do mercado de capitais americano.
“Seja em contratos de trabalho ou acordos de liquidação, você não pode incluir disposições que impeçam indivíduos de entrar em contato com a SEC diante de evidências de irregularidades”, disse Gurbir S. Grewal, diretor da divisão de execução da SEC. “Esta proposta não só colocou os investidores em risco, como também foi ilegal.”
“Os investidores devem ser livres para relatar reclamações à SEC sem qualquer interferência”, afirmou Corey Schuster, um dos chefes da unidade de gestão de ativos da divisão de execução.
Sem admitir ou negar as conclusões da SEC, o JP Morgan concordou em pagar a multa, receber uma censura e abster-se de violar a regra de proteção ao denunciante.