
A JBS (JBSS3), maior produtora global de carnes, está se preparando para uma provável virada do ciclo pecuário no Brasil, que pode reduzir a oferta de bovinos para abate após um período de maior produção, afirmou Eduardo Pedroso, diretor-executivo de Originação da Friboi JBS.
Nos últimos dois anos, o aumento do desfrute do rebanho resultou em uma sobreoferta de animais, permitindo maior processamento nas indústrias.
Mas há sinais de que a oferta de bovinos deve cair em 2026, em um momento em que outros países, como os EUA, enfrentam escassez.
Preparação e contratos
Pedroso destacou que a JBS tem buscado preservar seu volume por meio de parcerias e contratos de longo prazo com pecuaristas, comprando animais ainda “na barriga da mãe”, com meses ou anos de antecedência.
Ele ressaltou que a profissionalização da relação entre indústria e produtor evoluiu significativamente.
Projeções de abate
Após crescimento esperado de 3% em 2025, os abates de bovinos no Brasil devem cair mais de 9% em 2026, para 37,1 milhões de cabeças, segundo estimativa da Datagro. A redução ocorre após um forte abate de matrizes, geralmente seguido de retenção de fêmeas para reprodução.
O mercado atual está equilibrado, com a arroba do boi gordo oscilando entre R$290 e R$330. Pedroso afirmou que a incorporação de tecnologias, integração lavoura-pecuária e melhoria de manejo pode suavizar os impactos do ciclo de baixa.
Visão da indústria
Roberto Perosa, presidente da Abiec, disse não acreditar na magnitude da queda projetada para 2026.
Ele ressaltou que fatores como melhoramento genético do rebanho devem manter o mercado equilibrado e que o consumo interno de carne bovina pode se manter estável ou crescer, impulsionado por ano eleitoral, pleno emprego e aumento da renda da população.