Klabin e Suzano: mercado prevê bons balanços e alta de dividendos

Com projetos de expansão, resultados dos dois maiores players do setor de papel e celulose devem ser positivos

Com a alta dos preços do papel e da celulose, o mercado espera bons resultados para os dois maiores players do setor: Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3), que divulgam seus resultados, respectivamente, quarta-feira (26) e quinta-feira (27) deste mês. Mas para além disso, os dividendos também aparecem em pauta, e balanços positivos podem impulsionar uma alta nos pagamentos aos investidores das duas empresas, como apontaram especialistas entrevistados pelo BP Money. 

A One Investimentos disse que espera resultados ainda acima das expectativas do mercado, como explicou o operador de renda variável da casa, Edmar de Oliveira: “Tanto a Klabin como a Suzano fizeram investimentos muito grandes para aumentar a produção, o que deixou o mercado receoso. Uma oferta um pouco mais ampla fez o preço variar mais”, apontou. 

Oliveira também disse que, conforme bons resultados são reportados, as empresas começam a desalavancar. “Dado o número de grandes projetos e volume de recursos empregados neles, devemos ter um Capex um pouco menor e, consequentemente, mais geração de caixa voltado para desalavancagem”, explicou.

Com isso, João Abdouni, analista de investimentos da Inv, projeta um bom cenário para empresas ligadas à exportação de materiais básicos, com crescimento de dividendos. “Tenho expectativa de um resultado muito forte na maioria delas. Minério de ferro razoavelmente alto, petróleo também razoavelmente em alta, celulose muito próximo de alta, com dólar na casa dos R$ 5,30. Ao longo de todo o trimestre, a gente tem uma expectativa favorável para Petrobras, Vale, PetroRio, 3R, Suzano, Klabin”, explicou. 

Edmar de Oliveira vai no mesmo sentido. Com a desalavancagem das empresas, a perspectiva é de que os dividendos também subam. “Seria muito bom para eventualmente vermos Suzano voltar a pagar um dividendo maior e Klabin voltar a pagar o que pagava no passado”, apontou.

Em números, a One Investimentos projeta, no caso de Suzano,uma comparação um pouco mais fraca em relação ao ano passado. “É esperado um Ebitda – lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – de R$ 8 bilhões para este ano, o que é muito positivo, com uma margem muito elevada – cerca de 60%. Já para Klabin, esperamos R$ 2,2 bilhões de Ebitda”, apontou.

Cerrado e Puma II: projetos de expansão de Suzano e Klabin 

Os projetos, para os analistas, também são pontos para ficar de olho. O Puma II, complexo industrial localizado em Ortigueira, no Paraná, terá duas etapas de expansão até 2023 e é o maior investimento da história da Klabin. Em números, a Klabin contabiliza 12,9 bilhões em investimento. O projeto promete duas máquinas de papel, que juntas têm capacidade de produção de 910 toneladas anuais.

No caso da Suzano, o Projeto Cerrado, uma fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, já contabiliza R$ 19,3 bilhões em investimento total. O projeto promete, segundo a empresa, 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto produzidas por ano.

“O que o investidor pode ficar de olho é no custo de produção, se não vai aumentar muito e acabar tirando esse ganho de margem, por conta dos preços altos da celulose e do papel. Nos projetos de expansão das duas empresas é importante ver qual o cronograma e olhar o fluxo de caixa. Mas, não vejo muitos motivos ou algum motivo relevante para que os resultados venham ruins”, explicou Vitorio Galindo, analista da Quantzed.

Os últimos balanços de Klabin e Suzano

No terceiro trimestre de 2022, a Klabin divulgou um lucro líquido de R$ 972 milhões, o que representou uma alta de 35% em relação ao mesmo período de 2021. Já em relação ao primeiro trimestre do ano, o lucro foi 11% maior. Já o Ebitda ajustado ficou em R$ 1,990 bilhão no período, alta de 11% em relação ao segundo trimestre do ano passado e avanço de 15% em relação a março deste ano. 

Já a Suzano registrou um lucro de R$ 182 milhões no segundo trimestre de 2022, um recuo de 98% na comparação com o mesmo período do ano passado. Ainda, o Ebtida ajustado da companhia ficou em R$ 6,3 bilhões, alta de 6% na mesma base.