Especial: Dia das Mulheres

Líderes no Mercado exaltam progresso da presença feminina no setor

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o BP Money buscou explorar a jornada de quatro líderes proeminentes que atuam neste setor

Líderes mulheres do mercado financeiro / Freepik
Líderes mulheres do mercado financeiro / Freepik

A crescente participação das mulheres no cenário de investimentos no Brasil vem ganhando destaque no setor. Esta tendência reflete não apenas uma mudança nos padrões de investimento, mas também um progresso significativo na representação feminina dentro do mercado financeiro.

Em comemoração a essa evolução, buscamos explorar a jornada de quatro líderes proeminentes que atuam neste setor. Elas buscaram compartilhar suas percepções sobre os desafios enfrentados, as oportunidades emergentes e os espaços conquistados por meio de sua determinação e excelência profissional.

Para Virginia Benetti, diretora de produtos e private, e sócia da SNV Investimentos, as portas para o mercado financeiro abriram cedo, aos 18 anos. De maneira inesperada, quando ainda estudava para se tornar jornalista, movida pela curiosidade e pelo desejo de aprender, aceitou uma oportunidade como assistente em um fundo de investimentos. 

“A paixão pelo mercado financeiro cresceu dentro de mim, e decidi que seria minha carreira para sempre. Ao longo dos anos, passei por diversos desafios, enfrentei momentos difíceis, mas sempre mantive minha resiliência e determinação”, contou Benetti. 

Liliane Fernandes, líder do escritório da Blue3 em Brasília, destaca que o mercado financeiro vai além dos números, especialmente para aqueles mais inclinados às áreas humanas.

Sua trajetória começou enquanto trabalhava como profissional de publicidade em um jornal. Foi durante esse período que teve contato com as complexidades burocráticas do sistema público de aposentadoria, ao auxiliar sua mãe no processo de se aposentar. Essa experiência foi fundamental para sua inserção e sucesso no mercado financeiro.

Motivada pelo desconforto que enfrentou ao lidar com questões previdenciárias, Liliane Fernandes decidiu aprofundar seus estudos sobre previdência pública e privada. Esse esforço resultou em sua aprovação em um concurso do Banco do Brasil em janeiro de 2005.

Ao longo de sua carreira, consolidou-se como gerente no banco governamental, aproveitando sua formação em Administração de Empresas e especialização em Finanças e Negócios. Contudo, em 2016, decidiu arriscar-se em uma nova carreira, ingressando na Blue3.

Desafios do mercado para as líderes

“O mercado financeiro desde sempre teve mais referências masculinas do que femininas e, em nossa jornada, enfrentamos dificuldades, mas acolher vulnerabilidades nos torna mais fortes. Aos poucos, estamos conquistando mais espaço no mercado financeiro, graças ao esforço feminino em superar as barreiras que nos cercam e à conscientização das empresas sobre como a diversidade pode levar a melhores resultados”, destacou Fernandes.

“Me sinto feliz ao ver que entre os principais destaques da nossa empresa, encontramos várias mulheres que são referência”, completou a líder do escritório da Blue3.

Ela direciona seu foco para três pilares essenciais: pessoas, liderança e resultados. Sua abordagem visa alcançar um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, reconhecendo que esse equilíbrio é fundamental para garantir alta performance no trabalho.

“Meu marido e minhas filhas compreendem o valor que atribuo ao meu trabalho, assim como valorizo minha independência financeira, um aspecto do qual não abdico. Acredito que, ao cuidar de mim e me dedicar ao que é significativo para mim, estou transmitindo meus valores às minhas filhas”, defende Liliane. 

Hoje como diretora de produtos e private, e sócia de um dos escritórios credenciados pela XP Investimentos, Virginia destaca que nada acontece por acaso e que o sucesso é resultado do esforço contínuo.

“Após seis anos na XP, atendendo grandes clientes de B2B, principalmente nas regiões sul e nordeste, encontrei meu caminho até a SVN. Cada passo dessa jornada foi marcado por emoção, determinação e a busca incessante pelo meu lugar no mercado financeiro”, contou.

A planejadora financeira e sócia da AVG Capital, Ana Paula Carvalho, conta que, na sua trajetória no mercado, encontrou uma série de desafios, como a experiência de ser mãe jovem e enfrentar preconceitos por ser mulher na área. 

“Entre os maiores desafios que eu encontrei nessa jornada foram, primeiro, estabelecer a confiança com os clientes. Acho que, muitas vezes, temos que provar porque somos mulheres”, destacou.

“Por mais que as pessoas digam que não, isso existe sim, e muitas vezes nós sentimos até um certo machismo de outras mulheres, infelizmente, parece que você tem que se provar”, ressaltou Ana Paula.

“A magia acontece justamente fora da zona de conforto”

Virginia ainda conta que, quando aceitou assumir a diretoria de produtos e private, sentiu aquele frio na barriga do incerto e a enorme responsabilidade que enfrentaria. No entanto, completa dizendo que a magia acontece justamente fora da zona de conforto.

“Em resumo, gostaria de deixar uma mensagem de incentivo para todas as mulheres se desafiarem e buscarem sempre o melhor de si. Cada desafio é uma oportunidade para crescer e aprender. Ainda temos muito espaço para conquistar. Mantenham-se focadas em seus objetivos e não esqueçam de aproveitar a jornada”, ressaltou Virginia.

Já para a consultora de investimentos da Portfel Consultoria, Bruna Bins, que foi criada em um ambiente familiar predominante masculino, ainda assim, sente muito dentro do mercado essa discrepância em relação aos homens.

“Sou acostumada com esse ambiente, porém, sempre foi um grande desafio ser mulher nesse meio”, afirmou Bins.

Predominância masculina no mercado

“Quando chegamos nos escritórios ou conversamos com os clientes, a mulher é a minoria.  Uma coisa que eu sinto muito, é a dificuldade que nós mulheres temos de nos empoderar”, destaca Bruna. 

Formada em negócios internacionais e economia na Florida International University, Bruna ainda relata que, quando está em uma reunião, há a necessidade de levantar a voz, justamente pela mulher ser o destaque naquele ambiente, parece que nos olham um pouco mais pra baixo.

“Dão menos valor para o que nós falamos, mas vejo que isso vem melhorando muito, estamos ganhando mais espaço nesse ambiente”, comemorou Bruna. 

“Nós estamos provando aos clientes e ao mercado que nós temos, de fato, conhecimento, e que não devemos ser tratadas por menos”, finalizou.