Light (LIGT3): crise ainda pode ser contornada, dizem analistas

Resultado positivo reportado no primeiro trimestre de 2023 trouxe um fio de esperança para a Ligth, avaliam especialista

Os últimos dias foram bastante turbulentos para a Light (LIGT3), mas o resultado positivo reportado no primeiro trimestre de 2023 trouxe um fio de esperança para a companhia. 

Na noite de quinta-feira (11), a companhia responsável pela distribuição de energia no Rio de Janeiro, surpreendeu e, apesar da situação crítica na qual se encontra, anunciou lucro de R$ 107 milhões nos três primeiros meses do ano. 

O fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, Ricardo Brasil, acredita que o resultado positivo só trará alguma mudança concreta se o mesmo apresentar consistência nos próximos meses e fazer com que a empresa demonstre ter capacidade de pagar a dívida de cerca de R$ 10 bilhões com os credores. 

“Teve um trimestre bom, mas resta saber se isso vai ser realmente uma sequência. Se ela realmente começar a apresentar lucro atrás de lucro, aí a coisa realmente muda”, iniciou.”Mas caso não aconteça isso, não muda muito a situação da empresa.. Pode ser sim, que ela tenha resultado mais relevante no futuro, mas, mesmo que ela seja fabuloso, ela está numa situação muito delicada.Vai ter que realmente correr contra o tempo”, disse Brasil para o BP Money. 

No pregão do Ibovespa desta sexta-feira (12), os papéis da Light abriram com um derretimento de mais de 17%, negociados a R$ 3,85. Por volta das 10h20, as ações da companhia entraram em leilão.

Recuperação Judicial

Horas após ter feito o anúncio do resultado do início de 2023, a Light entrou, nesta sexta, com um pedido de recuperação judicial, medida que já era analisada pela companhia há pelo menos um mês. O pedido foi feito na 3ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro em caráter de urgência.

Ainda que o pedido seja aceito pela Justiça, a concessionária terá um duro trabalho pela frente para sair da atual situação fiscal. O cenário fica ainda mais complicada por se tratar de uma exploradora de concessão pública que precisa cumprir exigências governamentais.

“A empresa precisa começar a tentar um resultado muito bom ou ela pode não só abrir recuperação judicial ou até mesmo falência. Até onde ela vai conseguir cumprir os contratos, até onde ela vai conseguir fornecer energia?  É uma cidade onde você tem um grande furto de energia e ela não está conseguindo driblar isso junto ao governo. O governo não autoriza algumas coisas, então assim, ela fica numa sinuca de bico.A situação é tão drástica que estamos falando da possibilidade da energia da cidade do Rio de Janeiro ser interrompida. Obviamente o governo e a empresa podem chegar em algum consenso, mas é disso que se falta. Não é uma duvidazinha, a empresa está passando por sérios problemas”, frisa Ricardo Brasil. 

Quem também destaca a burocracia estatal como um obstáculo é o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani. Para ele, se o poder público não ceder em alguns pedidos, a companhia tende a não sair da crise. 

“A empresa segue esperando como vão as conversas com a Aneel, se vai sair ou não o reajuste ordinário, se vai sair ou não a renovação da concessão. E ela também segue com impasse em relação aos debêntures. Qualquer desempenho para a ação vai depender de esses fatores, ou seja, das decisões da Aneel e das decisões da renegociação das debêntures”, destacou Bresciani. 

O analista explica que a estratégia da Light é apostar suas fichas na renovação da concessão, que acaba em junho de 2026. “Uma empresa que opera uma concessão é fiscalizada tecnicamente e em relação ao seu balanço também financeiramente. O que acontece? A Aneel está olhando se a Light faz o dever casa dela, ou seja, se ela atende  eficientemente o fornecimento de energia e tudo mais. Quanto a isso, parece que ela está ok”, detalhou. 

“A Light está olhando o financeiro dela e conversando para renovar a concessão. Ela precisa mostrar que ela operacionalmente é viável e ela também quer a possibilidade de um reajuste extraordinário para que ela possa ter mais recursos para honrar essas dívidas. Provavelmente o pedido de recuperação judicial foi feito para ganhar tempo, para que ela possa ter o sucesso que ela almeja com a Aneel pra então dar um fim melhor para todos passivo financeiro”, finalizou.

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