Investigação

Empresário é denunciado por fraude em exploração de mina

O empresário Lucas Prado Kallas aparece como pivô do esquema de fraude com influências de atuação do governo federal

Mina Corumi, na Serra do Curral / Foto: Luiz Santana | ALMG
Mina Corumi, na Serra do Curral / Foto: Luiz Santana | ALMG

A exploração de minério de ferro na Serra do Curral, em Minas Gerais, teve uma operação de corrupção de agentes públicos e propina deflagrada pela PF (Polícia Federal). O empresário Lucas Prado Kallas aparece como pivô do esquema de fraude com influências de atuação do governo federal.

Ocorrida no final de março, a operação Parcours levou à apreensão de R$ 832 milhões. O valor equivale ao prejuízo que o plano de recuperação ambiental promovido por Kallas e seus sócios teriam dado à ANM (Agência Nacional de Mineração) , responsável pela recuperação  da área.

A ANM é uma autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia, comandado desde janeiro de 2023 por Alexandre Silveira, que tem proximidade com Kallas. Agentes relatam que a empreiteira do empresário retirou minério da área causando prejuízos irreversíveis ao meio ambiente.

O esquema teria começado após a entrada de Kallas e dois sócios na Empabra, responsável pela exploração da região desde 1985. Um dos antigos sócios revelou desavenças quando o empresário apressou a retirada de minérios finos, em desacordo com a PRAD ( Plano de recuperação da área degradada).

A PF confirmou que, a partir de 2014, “análises periciais e de auditoria confirmaram integralmente os fatos narrados”. A perícia confirma que as irregularidades coincidem com o período de liderança de Lucas Kallas, Bruno Luciano e Luis Fernando Franceschini assumem a Mina Corumi. 

Executivo foi elogiado por Lula 

Dono de um império de mineração, a Cedro Participações, Lucas Kallas e suas empresas tem participações em vários negócios bilionários. Detentor da concessão do porto de Itaguaí (RJ), o empresário arrematou R$ 3,6 bilhões para o empreendimento.

 O dirigente também venceu uma concessão de construção de uma malha ferroviária que liga Minas Gerais ao porto no Rio de Janeiro por R$ 1,5 bilhão. Na cerimónia de concessão, o presidente Luiz inácio Lula da Silva teceu elogios ao bilionário: 

“Desde que ele foi levado à minha sala (…), eu descobri na hora que estava conversando com um empresário sério, com um empresário com uma visão nacional muito interessante, que antes de tudo ama o Brasil”, celebrou o presidente. 

Em 2008, Kallas, que era dono de uma construtora, foi preso na Operação João de Barro, da PF, que investigou o desvio de recursos do PAC. O empresário ainda responde a duas ações de improbidade administrativa por conta dessa investigação.

Lucas Prado se pronuncia sobre Operação Parcours

O empresário Lucas Kallas esclareceu, por meio de nota oficial, obtida pelo BP Money, que não é “sócio proprietário” da mineradora EMPABRA. Confira a nota na íntegra:

“Apenas foi sócio investidor em uma empresa que celebrou com a EMPABRA contratos de compra e venda de finos de minério. Lucas se desligou desse negócio formalmente em maio de 2018.

Em todo o tempo que figurou como investidor, as atividades se mostraram regulares em seus aspectos minerários e ambientais, com diversos relatórios de fiscalização de órgãos federais, estaduais e municipais. Lucas nunca ocupou cargos de diretoria da Empabra ou atuou como responsável técnico nos documentos apresentados.

Todos os fatos anteriores a 2021 já foram objeto de outra investigação da Polícia Federal (nº judicial 1010003-43.2021.4.01.3800), que se encontra arquivada e baixada, com a concordância do Ministério Público Federal, que não vislumbrou nem sequer indícios de irregularidades para o oferecimento de uma denúncia. Lucas Kallas nunca teve qualquer relação com os servidores da ANM citados.

Lucas foi indevidamente incluído nessa nova investigação relacionada a fatos ocorridos principalmente nos anos de 2023 a 2025, quando já estava afastado há 8 anos do quadro de investidores, mas confia que tudo será oportunamente esclarecido nas vias adequadas.

Sobre a operação João de Barros, de 2008, os fatos já foram devidamente esclarecidos nas vias judiciais. As ações criminais foram encerradas, com total reconhecimento de inocência.

Lucas Kallas é um empresário brasileiro e, como qualquer grande empreendedor, possui relações de caráter estritamente profissional com personalidades públicas, de todos os espectros ideológicos. O interesse de Lucas sempre será o desenvolvimento do país e, para isso, ele tem feito investimentos importantes para o Brasil.”