Assim como apontaram a maioria das pesquisas eleitorais, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito – pela terceira vez – presidente do Brasil, neste domingo (30). Apesar de especialistas do mercado afirmarem que a bolsa de valores de São Paulo (B3) já precificava tanto a vitória de Lula quanto de Jair Bolsonaro (PL), existem perspectivas ainda mais positivas para o mercado no curto e médio prazo com a eleição do petista.
De acordo com Alexandre Milen, CEO da Harami Research, a perspectiva é de que a bolsa suba, mesmo no curto prazo, podendo chegar até 150 mil pontos em 2023.
“Com a vitória de Lula, a gente vislumbra um cenário bem positivo para a bolsa. A bolsa deve se valorizar. Hoje está em torno de 115 mil pontos, entendemos que pode chegar até 150 mil pontos até o começo do ano que vem”, disse Milen.
O especialista do mercado financeiro destacou que empresas ligadas ao setor de educação, commodities e construção civil devem ser as mais beneficiadas pela entrada do novo governo.
“Podemos ver isso por conta das altas que foram verificadas no mercado na última semana. Empresas ligadas a commodities também devem se beneficiar, devem ter alta, e, principalmente, empresas ligadas à construção civil, por conta dos planos de expansão, de obras e de infraestrutura”, afirmou Milen.
Para Maykon Henrique de Oliveira, especialista em investimento CEA e professor da Eu me banco, com a vitória de Lula, uma possível alta do dólar pode acontecer, o que seria favorável às exportadoras e, também, a algumas empresas de commodities – que costumam ser dolarizadas.
“De forma geral, essas empresas possuem pouca exposição ao mercado interno. Esse é o primeiro ponto acerca dos setores beneficiados caso Lula ganhe a eleição. Outro ponto se refere ao mercado interno. Falando de empresas expostas ao cenário doméstico, nós temos três áreas que podem ser beneficiadas, que são a de educação, construção civil e o varejo”, disse Oliveira.
Segundo Paulo Luives, assessor da Valor Investimentos, o mercado já estava precificando um pouco mais a vitória do Lula nos últimos pregões. O que os investidores esperam, agora, são as políticas que devem ser adotadas pelo novo presidente – principalmente do ponto de vista fiscal.
“A gente tem que ficar atento ao movimento estrutural de bolsa com relação à política fiscal que vai ser adotada pelo governo do Lula. Isso parte muito de quem vai ser o ministro da economia que ele vai anunciar e qual vai ser a política econômica, se vai ser uma política de equilíbrio fiscal e de banco central independente”, disse Luives.
“Se Lula seguir essa cartilha do mercado, tem espaço para a bolsa se beneficiar muito, mas se ele vier com uma política mais expansionista, de intervenção maior nas estatais, isso pode trazer um efeito negativo para a bolsa”, complementou o especialista da Valor.